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Há 20 feridos e suspeita de mão criminosa nos incêndios de Castelo Branco e Santarém

Filipe Farinha / Lusa

O Comandante do Agrupamento Centro Sul da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, Belo Costa, disse esta manhã de domingo, que as Forças Armadas estão no terreno com máquinas de rastos, bem como a prestar auxílio aos bombeiros com o fornecimento de refeições.

Belo Costa alertou, porém, para a intensificação do vento a partir das 10h. “Estamos preparados para um dia difícil”, afirmou.

O tempo quente também deverá manter-se este domingo e nos próximos dias. Esta madrugada, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) decidiu prolongar até terça-feira o aviso amarelo de calor para os distritos de Bragança, Évora, Vila Real, Beja, Castelo Branco e Portalegre.

Para já, e apesar das condições climatéricas adversas, não há oficialmente localidades em perigo, apesar de durante a noite ter havido casos pontuais de pessoas retiradas de casa por precaução, disse o comandante. Não há igualmente registo de habitações destruídas.

Os comentários acerca de eventuais causas criminosas dos incêndios são uma constante entre os moradores. O facto de terem surgido vários incêndios quase em simultâneo e a poucos quilómetros uns dos outros cria ainda mais desconfianças.

O Ministro falou em direto na sede ANEPC, em Carnaxide, onde fez um ponto de situação dos incêndios que ainda lavram terreno na zona de Vila do Rei. O governante destacou a “estranheza” detetada por “autarcas e comandantes no local” sobre terem começado, “entre as 14h30 e 15h30, cinco incêndios numa zona muito próxima”.

Cabrita Reis remeteu mais explicações sobre esta suspeita para as autoridades responsáveis — “Não nos cabe fazer aquilo que é responsabilidade da polícia criminal” — e garante que os acontecimentos já estão a ser investigados “pelos órgãos de policia criminal”. “Certamente as autoridades judiciárias darão a devida atenção no momento próprio”, concluiu.

Os dois incêndios que atingiram o concelho da Sertã este sábado já foram dominados, segundo disse à Lusa a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC). O fogo em Mosteiro de São Tiago, Várzea dos Cavaleiros, foi dado como dominado às 4h25 e o da Rolã 20 minutos depois. Ainda assim, esta manhã, em Mosteiro de São Tiago permaneciam 125 operacionais e 30 meios terrestres. Já em Rolã continuam no terreno 270 operacionais e 81 meios.

Já o incêndio em Vila de Rei, ainda no distrito de Castelo Branco, que durante a noite acabou por chegar ao concelho de Mação, no distrito de Santarém, é aquele que envolve mais elementos na luta às chamas, 789, apoiados no terreno por 237 meios. No total, mais de mil bombeiros combatem os incêndios de Vila de Rei, Sertã e Mação.

A VOST Portugal, uma conta no Twitter gerida por voluntários que acompanham estes temas, estima que já tenha ardido uma área de 6500 hectares na zona de Vila de Rei. Desde o ponto de ignição até à frente do fogo, as chamas já galgaram 32 km. No balanço feito esta manha de domingo, pelas 8h00, a Proteção Civil dava conta de uma área de 25 km, desde o ponto em que deflagrou até à atual frente de fogo.

Os incêndios de Vila de Rei, Mação e Sertã fizeram já 20 feridos (oito bombeiros e 12 civis), segundo o balanço actualizado apresentado pelo governante na sede da Autoridade Nacional de Protecção Civil, em Carnaxide.

Destes 20 feridos, apenas um se encontra em estado grave. Trata-se de um civil vítima de queimaduras que está internado no Hospital de São José, em Lisboa, sob prognóstico reservado, referiu Eduardo Cabrita.

Três dos feridos ligeiros resultaram de um acidente entre duas viaturas de bombeiros, e o ferido grave, um civil que sofreu queimaduras, foi transportado de helicóptero para Lisboa. Este balanço mantinha-se às 8h de domingo, com indicação de que o ferido grave está hospitalizado na unidade de queimados do Hospital de São José, em Lisboa.

Não há registo de falhas de comunicações do sistema SIRESP, garantiu — como terá acontecido nos grandes incêndios de 2017. Questionado sobre se a rede SIRESP funcionou durante as operações, o Comandante Luís Belo Costa respondeu que “nos momentos de maior tráfego não falhou” e que foi utilizado “com toda a normalidade”.

Entretanto, no concelho onde se centram neste momento as maiores preocupações das autoridades, “tudo o que sobrou dos catastróficos incêndios de 2017 está em risco de desaparecer”, lamentava à Lusa o vice-presidente da câmara de Mação, António Louro. “Assim, não vai sobrar nada”, afirmou.

António Louro queixava-se ainda da falta de meios para o combate às chamas: “Oficialmente parecem estar muitos operacionais, mas quando se se fala com as pessoas, no terreno, elas perguntam ‘onde é que estão’?”

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, transmitiu este domingo “toda a solidariedade aos homens e mulheres” que estão a combater os incêndios no distrito de Castelo Branco e às populações atingidas. Numa nota publicada no site da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirma que está a acompanhar a situação, estando em contacto com o Governo e com os presidentes das câmaras municipais das zonas afetadas.

ZAP //

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