A diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, confessou esta quarta-feira que tem “esperança” de que os países da zona euro aliviem a dívida da Grécia, “de uma maneira ou de outra”, como a sua instituição reclama.
“Tenho alguma esperança porque nas últimas horas tem havido um movimento favorável a uma reestruturação da dívida”, declarou Christine Lagarde, segundo um extrato de uma entrevista que deu à televisão CNN International.
Num documento publicado na terça-feira, o FMI considerou a dívida grega “totalmente inviável” e assegurou que só poderia continuar a participar na assistência financeira à Grécia se os europeus tomassem vastas e profundas medidas de alívio.
O pré-acordo concluído na segunda-feira entre a Grécia e os seus credores sobre um possível plano de assistência de 86 mil milhões de euros limitou-se a indicar que poderiam ser tomadas “medidas adicionais” sobre a dívida.
“O que lhes temos dito aos europeus é que seja qual for a forma é preciso encontrar uma forma de aliviar o fardo e permitir ao país demonstrar que a sua dívida pode regressar a uma trajetória viável”, desenvolveu Lagarde.
O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, reforçou hoje esta abordagem, ao declarar que a dívida grega deveria ser “aliviada”, por exemplo através do reescalonamento dos reembolsos ou da criação de períodos de carência nestes.
Um dos cenários admitidos pelo FMI no seu relatório contempla o perdão puro e simples de parte da dívida grega, hipótese categoricamente recusada designadamente pela Alemanha.
No documento divulgado pelo FMI na terça-feira considera-se que a dívida pública grega se tornou “altamente insustentável“, que pode chegar a um pico de 200% do produto interno bruto “nos próximos dois anos”, e que só poderá ser paga “através de medidas de alívio da dívida que vão muito além do que a Europa esteve disposta a fazer até agora”.
Entre as medidas propostas pelo FMI está a extensão das maturidades, com um período de graça de pelo menos 30 anos, um haircut – um corte direto na dívida – ou transferências anuais explícitas para o orçamento grego.
O mesmo documento admitia ainda que a Grécia tinha novas necessidades de financiamento, que podiam significar 50 mil milhões de euros entre outubro de 2015 até ao final de 2018, requerendo “novo dinheiro europeu” de pelo menos 36 mil milhões de euros durante três anos.
/Lusa