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Filho de benemérito da Católica entra em Medicina com quota especial. 19 alunos com nota superior ficam de fora

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Dgcampos / wikimedia

Universidade Católica Portuguesa

Um estudante conseguiu entrar no mestrado integrado de Medicina na Universidade Católica Portuguesa com 15,81 valores quando a nota mais baixa entre os 70 candidatos admitidos é de 16,89. E foi graças a uma quota especial para descendentes de beneméritos da instituição.

A SIC Notícias avança que 19 alunos com notas superiores a esse estudante filho do benemérito ficaram de fora do concurso no regime geral de acesso.

O estudante foi admitido com uma nota de candidatura de 15,81 valores, abaixo dos 16,89 valores do último colocado através do concurso geral, bem como da média de 19 dos 20 candidatos com admissão condicionada, beneficiando assim das quotas especiais definidas na Católica para filhos e netos de beneméritos da instituição.

Questionada pela agência Lusa, a Universidade Católica Portuguesa (UCP) confirma a informação e acrescenta que o aluno admitido para o ano lectivo 2022/2023 foi o único candidato no âmbito desse contingente.

Essa via de acesso não é, no entanto, exclusiva para Medicina, estando prevista para todos os cursos do 1.º ciclo da UCP, ou seja, licenciaturas e mestrados integrados.

“A UCP, tal como todas as restantes universidades, tem concursos para candidatos aos cursos de 1.º ciclo oriundos de contingentes especiais. Estes contingentes podem constituir até ao máximo de 3% do número de vagas de cada curso”, refere a instituição.

“Médicos escolhidos por causa da sua linhagem”

No caso dos descendentes de beneméritos insignes da instituição, a UCP esclarece que se trata de um título atribuído pelo Conselho Superior a pessoas ou entidades que tenham prestado “significativo apoio ou serviço”, havendo actualmente duas entidades beneméritas, mas não identifica quais.

Por outro lado, os alunos, que podem candidatar-se apenas enquanto a pessoa com o título de benemérito for viva, devem cumprir todos os critérios mínimos de elegibilidade para admissão.

“No caso do mestrado integrado em Medicina, para que a candidatura seja apreciada, deverá ter uma nota mínima de 140 pontos (0 a 200) em cada uma das provas de ingresso, cumprir todos os pré-requisitos e ter uma média mínima global de candidatura de 150“, refere a Católica.

Além deste contingente, a UCP reserva também algumas vagas para descendentes em linha recta de colaboradores permanentes, incluindo todos os funcionários do quadro e docentes em regime de dedicação plena ou regime de tempo integral.

Há também um contingente destinado a lusodescendentes, até ao máximo de 2% por ciclo de estudos, para portadores de deficiência e desportistas de alto rendimento.

A SIC Notícias nota que também entraram em Medicina na Católica através destes contingentes especiais um aluno que é atleta de alto rendimento, com média de 17,63, e outro como estudante internacional com quase 18 valores.

Apesar de tudo, estas duas notas são superiores à nota mais baixa entre os 70 candidatos admitidos no mestrado integrado em Medicina através do regime geral.

Portanto, o caso da filha do benemérito está a causar alguma indignação. São “médicos escolhidos por causa da sua linhagem”, escreve-se nas redes sociais.

“Não tirou lugar a ninguém”

Confrontado com este caso, o director da UCP, António de Almeida, diz, em declarações ao Expresso, que o estudante no meio da polémica “não tirou lugar a ninguém”.

Ninguém fica prejudicado porque ninguém deixou de entrar por causa deste aluno”, salienta este responsável, frisando que se trata de “um contingente especial” e que os estudantes que entram por esta via “passam por um crivo bastante difícil de passar”.

António de Almeida refere que têm de passar por um questionário de motivação, “onde é avaliada a motivação para entrar num sistema de ensino fora do convencional, os motivos por que querem ser médicos e estudar especificamente na UCP”.

Além disso, passam por “oito entrevistas de dez minutos” para serem testados a factores como “comunicação, capacidade de explicar, empatia, ética, postura”, refere o director da Católica.

“Tivemos candidatos com médias superiores a médias de 17 e 18, mas que não cumpriram os critérios nas entrevistas, por exemplo”, revela ainda.

“O reconhecimento de pessoas que promovem as universidades acontece muito em instituições internacionais. Da mesma forma que queremos ajudar os atletas de alto rendimento, os lusodescendentes que querem voltar a Portugal ou os refugiados de guerra e queremos reconhecer os que nos fazem bem“, nota ainda António de Almeida.

Além do mais, “todos estes contingentes têm de cumprir mínimos: 14 como nota do secundário e pelo menos 15 como nota de candidatura”, acrescenta, considerando que o facto de entrarem na Católica “tem muito mérito, tiveram uma média – acho que é indiscutível que 15,8 é uma boa média -, preencheram os requisitos dos questionários de motivação e das entrevistas, fizeram tudo o que foi exigido”.

“Um benemérito é muito especial”

Não jorram filhos de beneméritos a querer entrar na universidade“, diz também o director da UCP, salientando que esse estatuto não é atribuído com frequência.

Um benemérito é muito especial, é alguém que tem uma relação aprofundada com a faculdade, que pode passar por promover a universidade ou por disponibilizar estágios, ou empregos, por exemplo. Implica uma relação estável”, sublinha ao Expresso.

Fonte do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior anunciou à SIC Notícias que já foi “solicitada a intervenção da Inspecção-Geral da Educação e Ciência (IGEC)” no sentido de realizar as “acções necessárias para a verificação da legalidade da situação”.

ZAP // Lusa

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6 Comments

  1. As sociedades regem-se por regras.
    Quando as regras são só para alguns começam os desacatos e revoluções. É mais um “sinal dos tempos”.

  2. É o que dá quando as regras são só para alguns. Os cursos de Medicina privados funcionam com que doentes nos últimos 3 anos do curso? Onde há patologias variadas ( fora dos grandes centros de Porto, Coimbra e Lisboa) para formar, ensinar, ver? E o Dr António Costa acha que é uma questão de corporativismo? É mas sim uma questde Ignorância e de preocupação de fazer boas figuras e favores aos poderes como os das Universidades privadas. Que seja um desses futuros médicos formados nad privadas que o tratem quando vier a precisar!

  3. Lá tem de vir o povo insurgir -se. Então se o pai ou a mãe da chavaleca bancou forte na Católica, obviamente que ela pode entrar pela porta do cavalo…
    É como os amigos quando bancam na associação recreativa local, depois também podem exigir que os vossos vão lá servir umas bujecas no verão.

  4. Trata se de uma instituição particular. Tipico da sociedade e da comunicação social portuguesa não conseguem separar o que é privado da esfera pública… Enfim

  5. Para uma Instituição Católica , no mínimo é pouco Católico e Imoral tais “cunhas” . Mas enfim é um caso no meio de tantos outros ! …. jà sabemos o que a casa gasta !

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