O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), disse esta quarta-feira que o projeto da Feira Popular em Carnide “desaparecia por si só” devido à falta de promotores interessados em investir num parque de diversões no centro da cidade.
“Não é uma questão aqui de desistir do projeto, é que mesmo que eu não desistisse, ele desaparecia por si só”, afirmou Carlos Moedas, indicando que “não há ninguém” interessado em investir no projeto da Feira Popular em Carnide, pelo que o anterior executivo, sob a presidência do socialista Fernando Medina, “nunca fez nada sobre isso”.
Em declarações à agência Lusa, à margem de uma cerimónia nos Paços do Concelho, o presidente da Câmara de Lisboa considerou que, apesar das críticas de PS e BE no executivo municipal, “não houve surpresa” relativamente à sua posição de alterar o atual projeto da Feira Popular em Carnide para criar “um parque verde com equipamentos para as pessoas”, uma vez que a mesma constava do programa eleitoral da coligação Novos Tempos (PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança) nas autárquicas de 2021.
“Hoje em dia não há, de certa forma, nem sequer há procura para este tipo de parques de diversão dentro das cidades, ou seja, nós nem estamos num cenário em que haja procura, com promotores que queiram fazer este tipo de coisas”, apontou o social-democrata, referindo que tem falado “muito” com o presidente da Junta de Freguesia de Carnide, Fábio Sousa (PCP), sobre o projeto, que concorda com a criação de um parque verde, com equipamentos de lazer e desporto, incluindo uma piscina exterior natural.
Neste contexto, Carlos Moedas reforçou que a sua posição política é ter no espaço do projeto da Feira Popular em Carnide “um parque verde“, sublinhando que isso “é o que as pessoas que ali vivem querem, portanto isso é o que faz sentido”.
“Olhar para uma solução de um parque Feira Popular, que é uma solução que já não é da atualidade. Como se sabe, na maior parte das cidades europeias, estes parques são feitos longe da cidade, são parques temáticos, o caso de Madrid, o caso de Paris, portanto isso terá de ser repensado”, frisou.
Sobre o ponto de situação do atual projeto da Feira Popular, em que o anterior presidente Fernando Medina anunciou que o parque verde deveria abrir “antes do verão” de 2021, mas que, segundo o presidente da Junta de Freguesia de Carnide, os terrenos estão ao abandono, o autarca do PSD revelou que já deu ordem para fazer uma limpeza dos terrenos.
“Sei que tinha havido problemas com o encarregado de obra, portanto tem havido aqui também uns problemas técnicos […], mas aqui o ponto de situação é começar realmente a limpar os terrenos, que não estão em condições e não podem estar naquelas condições e, depois, realmente, pensarmos neste projeto de equipamentos para aquela zona da cidade. É isso que nós temos de fazer”, defendeu Carlos Moedas.
Questionado sobre quando apresentará uma proposta para alterar o projeto da Feira Popular em Carnide, o presidente da câmara disse que ainda não tem uma data para isso, ressalvando: “É uma prioridade, mas temos muitas prioridades, ou seja, este município vive de muitas prioridades”.
“Esta prioridade aqui é ter um plano, ter realmente um projeto de equipamentos para aquelas pessoas e para a cidade. A cidade precisa de pulmões verdes, precisa de zonas verdes e zonas que tenham vida, portanto nós temos ali uma zona que está parada e que está parada há muito tempo”, frisou o social-democrata, comprometendo-se a dialogar com os vereadores da oposição no executivo camarário sobre o futuro destes terrenos em Carnide.
Carlos Moedas realçou ainda a incapacidade do anterior executivo de cumprir com a promessa de um parque de diversões em Carnide, anunciado em novembro de 2015.
“Porque é que isso aconteceu? Eu penso que uma das razões é porque hoje em dia nas cidades já não faz sentido este tipo de soluções, porque se fizesse sentido alguém tinha na altura concorrido para fazer esse tipo de serviço, para fazer um parque de diversões. Ninguém concorreu, não há, eu pelo menos não tenho nota disso, portanto não vale a pena insistir numa coisa que não faz sentido”, conclui.
Sobre a proposta do PCP de uma outra localização para a Feira Popular de Lisboa, nomeadamente junto à frente ribeirinha, Carlos Moedas realçou que “é muito difícil” encontrar empresas que queiram investir num projeto desse tipo no centro da cidade, explicando que “não é a câmara que vai construir, fazer e gerir um parque de diversões”.
“Não posso ter um plano para fazer um parque de diversões no centro da cidade quando isso hoje nas cidades europeias não acontece, gostasse eu ou não, portanto aqui o ponto, neste momento, é que não há condições para realizar esse projeto”, insistiu.
O projeto foi anunciado em 3 de novembro de 2015 e as obras arrancaram um ano depois, com as demolições dos edifícios existentes no terreno localizado na freguesia de Carnide, para criar um parque urbano de 20 hectares.
ZAP // Lusa