Os bancos começarão eventualmente a ter em conta as despesas com eletricidade do agregado familiar na concessão de empréstimos para a compra de casa.
O administrador do Banco de Portugal, Luís Laginha de Sousa, disse ao Correio da Manhã que “não haverá, para já, nenhuma recomendação”, mas realçou que “o livro nestas matérias está ainda a ser escrito, naturalmente que, mais tarde, é uma matéria que tem de ser tida em conta”.
O Banco de Portugal recorreu ao último inquérito às despesas das famílias, que data de 2015, para concluir que a fatura energética média anual por agregado familiar na habitação (despesa com eletricidade, gás e outros combustíveis) era de 1.222 euros.
Em média, este custo representava 10,3% do total do rendimento das famílias. O seu peso era maior (14,7%) em famílias com um rendimento entre 700 e 1.200 euros mensais.
O Governo aprovou um diploma que estabelece que os bancos vão ficar obrigados a renegociar créditos à habitação até ao final de 2023 – em créditos até 300 mil euros. Foi aprovada ainda uma medida que suspende a comissão de amortização antecipada de 0,5% nos créditos à habitação com taxas de juro variáveis.
A prestação média do crédito à habitação registou um “aumento significativo” nos últimos meses, ficando em outubro 18,7% acima de outubro de 2021, mas apenas 5% dos contratos tinham prestação superior a 630 euros.
A subida das taxas Euribor está a ter impacto em 92% dos créditos à habitação contratados em setembro. Segundo o Banco de Portugal, a taxa variável nos novos créditos de Portugal é três vezes superior à da Zona Euro.