O Tribunal da Relação de Lisboa mantém em prisão preventiva Heitor Brandão, o luso-cabo-verdiano que é apontado como o “maior traficante de Lisboa” e que terá ligações a vários políticos, nomeadamente ao presidente da Junta de Freguesia da Estrela, Luís Newton.
Além de Heitor Brandão, também fica em prisão preventiva o seu sogro, conhecido como “Francês”. O cunhado, Márcio Marujo, fica em prisão domiciliária no âmbito de uma investigação das autoridades francesas.
A “Operação Origami” investiga uma rede internacional de tráfico de cocaína e a Polícia Judiciária portuguesa cumpriu mandados de detenção da polícia francesa. Os suspeitos vão, assim, ser extraditados para França, onde deverão ser julgados.
Familiares de Heitor ligados à Junta da Estrela
Entretanto, há vários familiares daquele que é apontado como o “maior traficante de Lisboa” com ligações à Junta de Freguesia da Estrela.
Márcio Marujo foi fiscal da Junta de Freguesia da Estrela, tendo sido contratado durante o mandato de Luís Newton, presidente da concelhia do PSD em Lisboa.
A mulher de Márcio Marujo, Karine Brandão, irmã de Heitor, é actualmente funcionária da mesma Junta de Freguesia, além de integrar a Comissão Política do PSD.
Karine Brandão e outra familiar do alegado traficante integraram também, em 2013 e em 2017, a lista da coligação liderada pelo PSD à Assembleia de Freguesia da Estrela. Um dado que Luís Newton confirma, em declarações ao Expresso, frisando, contudo, que eram “suplentes” e “não eram membros efectivos”.
A ligação de Karine Brandão à Junta começou em 2017, no “serviço de atendimento e esclarecimento ao público”, num contrato por ajuste directo de oito mil euros. Depois disso, conseguiu mais três ajustes directos de cinco mil euros, 10.800 euros e 5.400 euros, respectivamente, como reporta a Visão.
Já, neste ano, a irmão de Heitor entrou para os quadros da Junta de Freguesia com a categoria de assistente técnica.
A cunhada de Heitor, Sara Brandão, também foi contratada por ajuste directo pela mesma Junta, em 2017, para prestar serviços de “atendimento e esclarecimento ao público” por nove mil euros, segundo o contrato no portal Base.
E a sobrinha do suspeito, Leonid Brandão, entrou na autarquia em 2021, depois de ter sido excluída do concurso público aberto em 2019 por ter faltado a uma prova.
O Correio da Manhã (CM) frisa que o seu currículo “invejável” justificou a contratação por ajuste directo por 10.800 euros para prestar “apoio nas obras gerais das infraestruturas” da Junta “e apoio operacional para equipa de calceteiros”, segundo o contrato no portal Base.
Em Dezembro de 2022, Leonid Brandão assinou um contrato de trabalho com a Junta da Estrela “por tempo indeterminado” enquanto assistente operacional. Já em Agosto deste ano, e após o período experimental, entrou nos quadros da Função Pública.
Luís Newton nega ligação a “rede de tráfico de droga”
Newton confirma estas ligações familiares e nota ao Expresso que “ao longo de vários anos, candidataram-se à Função Pública nas áreas de higiene urbana (dois casos), para limpeza (um), para a portaria (um) e para a fiscalização do espaço público (um)”. Mas “nenhum desses processos foi, ou poderia ter sido, objecto de qualquer intervenção” da sua parte, assegura.
“A ideia de eu estar ligado a uma rede de tráfico de droga não passa de uma construção fantasiosa, um disparate absoluto que nem merece comentários, por tão absurdo que é”, aponta ainda o autarca que é um dos implicados na Operação Tutti Frutti.
Luís Newton negou qualquer proximidade pessoal com o suspeito de tráfico de droga, mas o CM adianta que o dirigente do PSD esteve no casamento de Heitor Brandão.
Heitor Brandão apoiou a primeira candidatura de Newton à Junta de Freguesia da Estrela em 2013, na coligação PSD/CDS-PP “Sentir Lisboa”.
Nas redes sociais, há várias imagens que comprovam uma alegada proximidade entre os dois homens, com trocas de mensagens de apoio mútuo.
“Um foguete da rua para a lua em tempo recorde”
Heitor Brandão já tinha estado preso por suspeitas de tráfico de droga.
O luso-cabo-verdiano terá ligações a Rúben Oliveira, mais conhecido por “Xuxas”, que está preso e é acusado de liderar uma das maiores redes de tráfico de droga a actuar em Portugal.
A detenção de “Xuxas” e de outros elementos da sua rede acabou por beneficiar Heitor que viu os seus negócios a florescerem.
“Foi mais um foguete que ascendeu da rua para a lua em tempo recorde”, aponta ao Expresso uma fonte policial. Isso significa, na gíria policial, que Heitor passou de um pequeno criminoso a ser “um dos mais importantes traficantes de Lisboa”, com ligações a grupos criminosos estrangeiros e com a benção do chamado “Escobar brasileiro” que estava associado à rede de “Xuxas”.
Engraçado… da Junta ligado ao PSD…
Bonito… têm vindo às festinhas do BE, na sede… umas ganzas fumadas por inalação… e eu nunca fui às salas “privadas”, aí deve ser mais pesado… tb nunca fui convidado a tal, né?!