O processo de reprivatização da Efacec voltou à estaca zero depois de falhadas as negociações para a venda da empresa ao Grupo DST. O líder do PSD, Luís Montenegro, acusa o primeriro-ministro de “sonegar informação” ao país sobre o processo, notando que usa “abusivamente” da sua maioria absoluta.
O Governo e o Grupo DTS anunciaram o fim das negociações para a reprivatização da Efacec, salientando que não foi possível um acordo.
Num comunicado conjunto do Ministério das Finanças e do Ministério da Economia, salienta-se que as negociações terminaram depois de “não se terem verificado todas as condições necessárias à concretização do acordo de venda”.
A reprivatização da empresa fica adiada com a promessa de que “o Governo continua a trabalhar com todas as partes envolvidas, incluindo interessados na aquisição da empresa, numa solução que viabilize a actividade industrial da Efacec e salvaguarde o interesse público”.
Também o Grupo DST emitiu um comunicado nos mesmos termos, referindo que, apesar de a venda ter falhado, é preciso “sublinhar os esforços de todas as partes envolvidas” que “estiverem arduamente empenhadas na concretização desta operação”.
A proposta do Grupo bracarense previa uma injecção de capital de 81 milhões de euros na Efacec, com o Governo a manter uma parte do capital da empresa na primeira fase da reprivatização.
O Governo ficou com 71,73% do capital da Efacec no âmbito do afastamento de Isabel dos Santos da empresa, no seguimento das investigações judiciais aos negócios da empresária lançadas pela Justiça angolana.
A empresa tem mais de dois mil trabalhadores e está em situação de falência técnica, o que complica as negociações de venda.
Montenegro acusa Governo de “sonegar informação”
No debate de quinta-feira, no Parlamento, o ministro da Economia, António Costa Silva, passou aos deputados uma mensagem de “tranquilidade” quanto ao futuro da Efacec, salientando que seria “encontrada brevemente” uma solução para a empresa.
Contudo, o governante não revelou que as negociações com a Efacec tinham falhado, o que leva o líder do PSD, Luís Montenegro, a acusar o Governo de “sonegar informação” ao país sobre o processo.
“O Governo foi instado a dizer ao país e à Assembleia da República o que é que estava a acontecer com o processo da Efacec, que foi nacionalizada por vontade do PS, e não respondeu no Parlamento”, atira o líder social-democrata.
“Veio a saber-se que o processo tinha abortado, o processo de reprivatização, o que quer dizer que o Governo, mais uma vez, sonegou ao país e ao Parlamento informação que já tinha” e “isso é gravíssimo“, acusa Montenegro.
O presidente do PSD considera, assim, que há “uma utilização abusiva de uma maioria absoluta que faz com que o primeiro-ministro e os ministros sintam que são comportamentos normais aqueles que têm tido de não dar explicações ao país sobre matérias importantes”.
Montenegro corrobora também as palavras do vice-presidente do PSD, Paulo Rangel, que disse, em entrevista conjunta à TSF e ao Diário de Notícias, que o primeiro-ministro está com “tiques de poder absoluto” e que fez “bullying democrático” com toda a oposição.
ZAP // Lusa