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Facebook quer que bancos partilhem dados dos clientes (e dá utilizadores em troca)

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Shawn Thew / EPA

O CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, em audiência no Senado norte-americano

A Facebook abordou os principais bancos norte-americanos para lhes propor a partilha da informação dos seus clientes que fossem utilizadores da rede social, propondo-lhes em troca serviços através do Messenger.

Dá-me os dados bancários dos teus clientes, toma lá os meus utilizadores em troca. Esta é, tudo indica, a mais recente iniciativa de mérito duvidoso a colocar a conduta do Facebook muito para lá do limiar da legalidade e da ética.

A empresa de Mark Zuckerberg manteve vários meses de discussão com o Chase, o banco de retalho do JPMorgan, o Citi, o U.S Bancorp e o Wells Fargo, indicou fonte conhecedora do assunto à AFP, sob anonimato, sublinhando que o Chase tinha acabado com as negociações.

Zuckerberg deseja ter acesso a informações sobre todas as transações financeiras efetuadas por cartões bancários e conhecer os saldos das contas correntes de depósitos à ordem dos clientes, ainda segundo a mesma fonte.

Em troca das informações que pretende obter sobre as empresas com quem os clientes dos bancos transacionam, Zuckerberg propôs aos bancos que colocassem no Messenger, que reivindica ter 1,3 mil milhões de utilizadores ativos, alguns dos seus produtos.

Segundo o Wall Street Journal, que esta segunda-feira revelou o caso, o Facebook não especificou o que tencionava fazer com a informação obtida dos bancos sobre os seus clientes.

“Como várias empresas internet com atividades comerciais, nós associamo-nos aos bancos e aos emissores de cartões bancários para oferecer serviços como o chat com os clientes e a gestão de conta”, disse uma porta-voz da Facebook à AFP.

“As contas correntes ligadas às páginas Facebook permitem aos seus proprietários receber em tempo real atualizações na Messenger e podem assim guardar o percurso dos dados das suas transações, como os recibos, as datas de entrega e o saldo das contas”, acrescentou a porta-voz.

A porta-voz da Facebook assegurou ainda que estas informações “não seriam usadas para fins publicitários”.

Sem confirmar nem desmentir estas informações, uma porta-voz do Citi disse à AFP que a instituição tinha “discussões regulares com potenciais parceiros”. Já uma fonte interna deste banco admitiu à AFP uma parceria com uma rede social, uma vez que constata que os clientes passam cada vez mais tempo nas redes sociais.

Por seu turno, Patricia Wexler, porta-voz do JPMorgan Chase, reenviou para a AFP a resposta que tinha dado ao Wall Street Journal. “Não partilhamos os dados das transações efetuadas pelos nossos clientes, por consequência rejeitamos certas propostas”, afirmou Wexler ao jornal.

O Wells Fargo não quis comentar o assunto.

Estas revelações recolocam em evidência a controvérsia do acesso aos dados pessoais dos utilizadores da Facebook depois, entre outros, do escândalo Cambridge Analytica, empresa britânica acusada de ter coligido e explorado sem autorização, para fins políticos, informação pessoal dos utilizadores desta rede social.

Semanas após a revelação do escândalo, a Cambridge Analytica acabou por falir e fechar portas. O Facebook, por seu turno, continua imparável e inimputável – porque, sustenta a própria empresa, são os próprios utilizadores que assim o querem.

AJB, ZAP // Lusa

16 Comments

  1. Quem nunca reparou no olhar de tresloucado, control freak e déspota em potência deste animal, anda muito distraído. Será que ninguém consegue ler os sinais na expressão do olhar de alguém (se calhar nem toda a gente tem esse dom). Para mim aquele olhar que ele tem vidrado, com os olhos a sair-lhe das órbitas, mostra bem quem ele há muito entrou numa power trip e tem rasgos de ditador como se tivesse o mundo nas mãos. Este nojo de gajo tem raiva a sair-lhe dos olhos.

    Estou cada vez mais a considerar a procura exaustiva de alternativas ao Fecebook para manter contactos com os meus amigos à volta do mundo, e para promover o meu trabalho… Única razão pela qual tenho estado a adiar o meu abandono da plataforma. Acho que toda a gente deveria considerar fechar as suas contas (não esquecendo exigir o apagamento dos dados) porque é a única forma de tirar o poder e o tapete debaixo dos pés a este facínora. A primeira coisa vai ser a queda das acções a pique… E depois o descalabro financeiro seguir-se-á e servirá de lição a outros que lhe tentem seguir as pegadas.

    Embora o colectivo (a sociedade) deva respeitar as liberdades individuais que não colidam com os outros indivíduos… Os indivíduos têm de compreender que não mandam nem são mais importantes do que o colectivo. Andamos cada vez mais a assistir a pessoas sozinhas que querem ser donas de sociedades inteiras. Embora haja muito pau mandado que até tenha fascínio e atracção por gurus e caciques, a verdade é que é um disparate essa ideia primitiva de que uns nasceram pra mandar e outros nasceram pra obedecer. Os que gostam de mandar, têm a mania de que são mais do que os outros e os que gostam de obedecer, dá-lhes jeito que os outros pensem e decidam por eles, por preguiça. Todos temos de aprender a ser donos dos nossos destinos, sem comprometer também a autonomia alheia. Todos temos de assumir esse peso dessa responsabilidade e não, delegá-la nos outros… Senão os outros abusam disso e o resultado, está à vista.

    Claro que num país tem de haver governos. Mas por isso é que se inventou a democracia, eleições e contrato social. Para que o poder seja temporário e legitimizado pelo colectivo. O poder de gajos como o Zuckerberg, nada têm a ver com essa lógica e não provém de legitimização por sufrágio, mas sim de imposição por influência, por poder financeiro e em última análise, pela força. Cuidado com os Zuckerbergs deste mundo… Que não os há poucos, infelizmente.

    • alternativas, existem e até bem melhores, por enquanto têm é alguma falta do efeito network (ou seja o pessoal ir atrás dos amigos etc).

      usei o fb durante algum tempo, pouco, e nunca consegui perceber o que vêem naquilo pq é mau por demais, não se consegue encontrar info no search, seguir uma conversa com muita gente é impossivel etc e tal.

      qto às potencias alternativas, minds, steemit (usam blockchain) e as que prefiro (federated e open source) hubzilla (esta é fabulosa pq se pode ter tudo num, desde paginas, wiki, forum etc) a friendica, para substituir o twitter nada melhor que a open source mastodon.

      mas não fique por aí substitua tb o google, por startpage, searx ou duckduckgo.

      • Vou verificar todas essas sugestões. DuckDuckgo já uso.

        Aprecio bastante geralmente tudo o que é open source mas… Openbook ainda está em fase de crowdfunding… Não existe ainda, portanto.
        Mastodon parece-me bem mas eu quase não “tweeto”. Não me diz grande coisa… E eu não tenho tempo pra tudo. Pode ser que um dia eu encontre maior interesse nisso.

      • Pois não sabia que ainda está em crowdfunding Miguel, por coincidência, soube do Openbook hoje mesmo…
        Duckduck já uso há bastante tempo, noto que se tem vindo a verificar uma melhoria nos resultados das buscas, melhoraram o algoritmo, mas temos que admitir que nisso o Google é muito melhor, mas demasiado invasivo.

  2. Está tudo a descambar! As máscaras estão a cair meu amigos!

    Muita coisa mais vai ser revelada nos próximos tempos. Isto não é nada, preparem-se porque o pior há de vir. Mas não tenham medo, porque vai cair quem tem de cair, quem tem abusado de todos nós!

    Permitam a FULL DISCLOSURE!

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