Nas últimas 24 horas, a Índia registou uma ligeira descida das infeções, pelo segundo dia consecutivo, depois de no sábado ter ultrapassado, pela primeira vez, os 400 mil casos diários.
Em declarações ao jornal The Guardian, Chahar Verma, uma médica indiana de 26 anos, contou como foi esta última semana no hospital onde trabalha, numa altura em que o sistema de saúde está a colapsar, com falta de camas e de oxigénio.
A profissional de saúde, que trabalha no hospital Ganga Ram, não vai esquecer o olhar dos pacientes internados a verem ao seu lado outras pessoas a morrer por não haver oxigénio.
“Ficavam ali deitados, a ver o paciente ao seu lado ofegante, incapaz de respirar, e sabiam que não estávamos a dar oxigénio porque não havia nenhum. A expressão no olhar deles era de puro terror. Eles sabiam que podiam ser os próximos”, descreveu a jovem.
Verma, que trabalha há dois anos neste hospital, um dos mais respeitados na capital indiana, contou que, neste momento, muitos dos seus colegas testaram positivo ao novo coronavírus. Por isso, em alguns dias, chegou a ficar responsável (sozinha) por 25 a 30 doentes.
A médica disse ainda que os sintomas clínicos provocados pela nova estirpe parecem ser diferentes dos do ano passado, uma vez que “os pacientes jovens estão perfeitamente estáveis e, de forma repentina, os seus níveis de oxigénio caem abruptamente”.
A Índia registou 3.417 mortos devido à covid-19 e 368.147 casos nas últimas 24 horas, anunciou o Ministério da Saúde indiano. O país acumula 218.959 óbitos e 19,9 milhões de casos desde o início da pandemia.
Estes dados mostraram uma ligeira descida das infeções, pelo segundo dia consecutivo, depois de o país ter ultrapassado no sábado, e pela primeira vez, os 400 mil casos diários.
É o segundo país do mundo com mais casos, atrás dos Estados Unidos, e o quarto com mais óbitos, depois dos EUA, do Brasil e do México.
Ainda de acordo com o The Guardian, o país iniciou, este fim-de-semana, uma nova fase da campanha de vacinação para abranger todos os maiores de 18 anos, embora algumas regiões indianas tenham indicado ter falta de doses.
Apesar de ser o maior produtor mundial de vacinas, a falta de doses em alguns estados é o resultado dos atrasos no fabrico e da escassez de matérias-primas, escreve o jornal britânico.
Apenas uma pequena fração da população poderá pagar os preços cobrados pelos hospitais privados para tomar a vacina, o que significa que o Governo terá de ser o grande responsável por imunizar cerca de 900 milhões de pessoas adultas.
O ritmo de vacinação tem sido lento neste país desde o início da campanha de vacinação, em janeiro, com 157 milhões de doses administradas até agora, o que representa cerca de 11% da população.
28 toneladas de ajuda médica proveniente de França
O voo de carga pousou em Nova Deli, este domingo de manhã, com 28 toneladas de equipamentos médicos a bordo, incluindo oito geradores de oxigénio de grande capacidade, destinados a produzir oxigénio medicinal a partir do ar ambiente para os hospitais, disseram as autoridades francesas num comunicado à imprensa.
Esses equipamentos podem também encher garrafas com uma capacidade de 20 mil litros por hora, acrescentou o comunicado, apontando que cada central pode abastecer continuamente um hospital indiano com 250 camas sem interrupção por uma dezena de anos, revela a agência de notícias francesa AFP.
Os geradores de oxigénio devem ser entregues a oito hospitais indianos, seis em Deli, um no estado de Haryana (norte) e um no estado de Telangana (centro), a pedido das autoridades indianas que identificaram as suas necessidades. A carga também inclui 28 respiradores e 200 bombas de seringa elétrica.
A ajuda médica internacional, anunciada por mais de 40 países, começou a chegar nesta última semana. Um avião militar norte-americano que transportava mais de 400 geradores de oxigénio e um milhão de testes para a covid-19 aterrou em Nova Deli na sexta-feira, sendo que um avião alemão seguiu no sábado.
“A Índia ajudou-nos no ano passado nos hospitais franceses, quando a necessidade de medicamentos era enorme. O povo francês lembra-se disso”, disse Emmanuel Lenain, embaixador de França na Índia.
As autoridades em Nova Deli anunciaram, este sábado, a prorrogação do confinamento da cidade por uma semana. A contenção estava programada originalmente para terminar esta segunda-feira, mas o número de novos casos continua a aumentar rapidamente na enorme cidade com 20 milhões de habitantes.
Com uma taxa de positividade atingindo quase 33% nos testes de coronavírus, os especialistas acreditam que os números reais são muito maiores.
Os hospitais da cidade estão repletos de doentes, levando à escassez de camas, remédios e oxigénio, com consequências muitas vezes fatais para muitas pessoas, que morrem em frente aos estabelecimentos sem poderem ser tratadas.
Muitos cemitérios em Nova Deli estão agora cheios e os crematórios operam continuamente, por vezes queimando corpos em terrenos baldios ou parques de estacionamento.
O conselheiro médico da Presidência dos Estados Unidos, Anthony Fauci, recomendou o estabelecimento imediato de uma contenção nacional de várias semanas, uma opção que o Governo do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, está relutante em fazer.
“Se o fizer apenas por algumas semanas, pode ter um impacto significativo na dinâmica da epidemia”, disse Fauci.
Tal como muitos outros países, a Nigéria anunciou que iria restringir o acesso ao seu território aos viajantes oriundos da Índia, mas também do Brasil e da Turquia, que também são duramente atingidos pela doença.
ZAP // Lusa
Parem de gastar dinheiro no mundo inteiro, com coisas que não salvam vidas! Canalizem todas a verbas para salvar vidas e minimizar sofrimento, na Índia e em todos os países onde o Covid continua a ceifar vidas em força. Não se pode estar a gastar biliões em armamento ou em luxos, quando noutrol lado está a acontecer isto.
Mas o pior é que nesse país e noutros o sistema é o mesmo, gasta-se muito em armamento e pouco no bem-estar dos cidadãos, nem é bom imaginar a miséria e sofrimento daquela gente numa situação destas!
Aqui se evidencia a necessidade de uma sociedade que quer ter população em excesso, para se organizar e educar. Manter as pessoas em pobreza até é perigoso para os ricos, alguns dos quais fugiram como ratos do barco a afundar.
Mas então a China? é só a disciplina que controla o Covid? não me pareçe. Quem faz arma bacteriana, tem antidote