Em quase todos os dias de Dezembro houve excesso de mortalidade e, até esta quinta-feira, foram batidos sete recordes máximos.
A atividade epidémica da gripe aumentou e os casos de infeção por SARS-CoV-2 diminuíram entre 12 e 18 de dezembro, em que a mortalidade geral voltou a estar acima do esperado, segundo o Relatório de Resposta Sazonal em Saúde.
O documento da Direção Geral da Saúde (DGS) indica que neste período se observou uma ligeira subida da temperatura do ar, acima do esperado para esta época do ano.
A atividade epidémica da gripe apresentou uma tendência crescente, com “um predomínio do subtipo A(H3)(92,1%), associado a maior gravidade nas populações mais vulneráveis. Foi também identificado o subtipo A(H1) pdm09 (7,5%).
Por seu lado, a notificação de casos de infeção por SARS-CoV-2 apresentou uma tendência decrescente.
Neste período, aumentou em 24,7% as consultas nos Cuidados de Saúde Primários do Serviço Nacional de Saúde (SNS), face à semana anterior, e registou-se uma ligeira diminuição da proporção de consultas por síndrome gripal (- 0.16 pontos percentuais).
A procura do SNS24 (atendimentos) estabilizou e a procura do INEM (chamadas) aumentou face à semana anterior.
O relatório dá conta de uma cobertura vacinal contra a covid-19 e contra a gripe elevada.
A cobertura vacinal contra a gripe (73%) encontra-se próxima da recomendada pelo ECDC e a OMS (75%) para os grupos etários com 65 ou mais anos.
Excesso de mortalidade
Em quase todos os dias deste mês houve excesso de mortalidade e, até esta quinta-feira, em sete dias foram batidos os recordes máximos para o mesmo dia nos últimos 13 anos, segundo o Sistema de Informação dos Certificados de Óbito.
De acordo com a informação disponível no sistema de vigilância eletrónica de mortalidade em tempo real, que analisa automaticamente dados extraídos da base de dados do Sistema de Informação dos Certificados de Óbito (SICO), em dezembro deste ano (até dia 21) já morreram mais 593 pessoas do que em período homólogo, o que significa, em média, mais 28 óbitos por dia.
Desde o início do mês, o dia 07 foi o que registou maior percentagem de excesso de mortalidade (39,3%), com um total de 435 óbitos, um recorde do extremo máximo para o mesmo dia desde 2009. Até agora, o dia 07 de dezembro que mais óbitos tinha registado (421) tinha sido em 2021.
Além do dia 07 de dezembro, foram ultrapassados os extremos máximos de mortalidade também nos dias 05 (428 óbitos), 06 (434), 08 (417), 12 (471), 16 (403) e 19 (421).
Apenas no dia 21 não foi registado excesso de mortalidade este mês, que até quarta-feira contava já 8.451 óbitos (7.858 no mesmo período do ano passado).
Quanto aos óbitos considerados “em excesso” pelas autoridades de saúde, relativamente ao que era esperado, os dados indicam que, nos últimos sete dias, houve 420.
O sistema de vigilância eletrónica de mortalidade em tempo real mostra igualmente que se está a morrer mais nas instituições de saúde e que o grupo etário mais afetado é o dos 85 anos ou mais.
Em relação ao “tipo de morte”, os dados do SICO mostram que, em dezembro (até dia 21), a maioria (88,3%, 7.465) foi considerada natural, 894 (10,5%) ficou sujeita a investigação e 59 (0,6%) deveu-se a causas externas.
Índice covid
O índice de transmissibilidade (Rt) do coronavírus que provoca a covid-19 subiu para 0,96 em Portugal, com uma média de 506 casos diários de infeção, segundo dados do Instituto Nacional Dr. Ricardo Jorge (INSA).
Os Açores e o Alentejo apresentam um índice de transmissibilidade acima do limiar de 1,00, com 1,58 e 1,01, respetivamente, e a região Norte 1,00, precisam os dados do Instituto Nacional Dr. Ricardo Jorge relativos ao período entre os dias 12 e 16 de dezembro.
Segundo o relatório, a região Centro regista um Rt de 0,96, Lisboa e Vale do Tejo de 0,91, o Algarve 0,87 e a Madeira 0,98.
“No comparativo Europeu, Portugal apresenta a taxa de notificação acumulada de 14 dias entre 60 e 119,9 casos por 100.000 habitantes e Rt inferior a 1, ou seja, taxa de notificação reduzida e com tendência decrescente”, refere o relatório.
Desde 02 de março de 2020, quando foram notificados os primeiros casos, até 16 de dezembro, estima-se que tenham ocorrido em Portugal 5.555.049 casos de infeção pelo coronavírus SARS-CoV-2.
Com a cessação do estado de alerta no dia 01 de outubro, e consequente alteração das regras de testagem, o INSA verificou uma descida acentuada na incidência e valor do Rt que podem não corresponder a decréscimos reais.
// Lusa
Coronavírus / Covid-19
-
20 Outubro, 2024 Descobertas mais provas de que a COVID longa é uma lesão cerebral
-
6 Outubro, 2024 A COVID-19 pode proteger-nos… da gripe