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Afinal, os Exames do Secundário vão continuar a ser feitos em papel

Wikimedia

Este ano, os exames nacionais do Ensino Secundário continuam a ser em papel, ao contrário do que foi anunciado pelo ministério da Educação. A excepção são estudantes e escolas que irão participar num projecto-piloto para testar as provas em formato digital.

Os alunos do Secundário vão experimentar previamente as plataformas dos exames nacionais digitais, provas que terão em conta o tempo necessário para resolver itens naquele formato.

A ideia é dar tempo aos alunos para se “familiarizarem com a plataforma”, como referiu o ministro da Educação, durante a audição parlamentar para debater os resultados dos alunos no PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes).

“Vamos estar a trabalhar com escolas, alunos e professores para haver já um contacto com as plataformas digitais, para fazer o piloto que estava previsto com a adaptação dos alunos à resposta em formato digital“, disse à Lusa no final da audição.

Estes testes servirão também para “monitorizar variáveis como o tempo que é necessário para a resolução de diferentes itens em função do formato digital ou papel”, acrescentou João Costa.

Sobre os alertas de directores escolares para a existência de milhares de equipamentos avariados e possível carência de computadores para todos poderem realizar as provas digitais, João Costa disse que a situação está praticamente resolvida.

“Esses problemas estão a ser trabalhados”, vincou o ministro, frisando que “toda a estrutura de apoio à manutenção dos computadores que não estão em garantia” já está “montada”.

Quanto às falhas na rede de Internet, o ministro diz que solicitou ao Instituto de Avaliação Educativa (IAVE) “que explicite junto das escolas as opções que têm de fazer para realizar as provas em modo offline”.

“Pesca-se à linha a informação que interessa

Sobre os resultados no PISA, a deputada do Iniciativa Liberal (IL), Carla Castro, lembrou que “41% dos alunos portugueses tem baixo desempenho a pelo menos um dos domínios aplicados” e, por isso, defendeu que “falta sentido de urgência”.

Em resposta, o ministro acusou os deputados de PSD e IL que pediram a audição de fazerem “análises facilitistas” e “redutoras”, em que “se pesca à linha a informação que interessa”, para que “tudo se resuma a um conjunto de chavões”.

João Costa citou ainda medidas implementadas pela tutela nos últimos anos, como o aumento de professores e funcionários nas escolas, mais tutorias para quem tem mais dificuldades, manuais gratuitos, o regresso dos estágios remunerados, ou “mais de um milhão em equipamentos informáticos” distribuídos.

As suas declarações levaram a deputada social-democrata Sónia Ramos a acusar o ministro por apresentar “uma súmula eleitoral” em vez de discutir os resultados do PISA.

“Falhanço nas aprendizagens”

Sónia Ramos considerou que os resultados do PISA mostram um “falhanço nas aprendizagens”.

Já a deputada do Bloco de Esquerda (BE) Joana Mortágua apontou como possível razão para esta realidade negativa “o facto de serem contratados professores sem profissionalização“.

Em resposta, o secretário de estado da Educação, António Leite, lembrou que “sempre houve” professores contratados sem profissionalização. “Não estou a dizer que isto é uma coisa maravilhosa, mas sempre houve”, realçou.

Segundo António Leite, estes profissionais “não são mais do que 15% da totalidade”, ou seja, serão cerca de três mil num universo de mais de 100 mil professores.

ZAP // Lusa

 

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