Duas empresas do ex-Secretário de Estado assinaram dezenas de contratos milionários através de concurso público com a autarquia de Cascais. O vice-presidente da Câmara refere que as propostas foram apresentadas pelo presidente Carlos Carreiras.
Duas empresas ligadas a Fernando Costa Freire, ex-secretário de Estado da Administração da Saúde, celebraram 32 contratos públicos com a Câmara de Cascais entre janeiro e outubro de 2024, no valor total de 14,8 milhões de euros. As empresas Wall Up e Socidirect, ambas do setor imobiliário, registaram um aumento de quase 90% na faturação em comparação com os nove anos anteriores.
Segundo os dados disponíveis no Portal Basegov, a Wall Up assinou 26 contratos no valor de 11,8 milhões de euros, enquanto a Socidirect celebrou seis contratos no total de três milhões de euros. A maioria dos contratos foi adjudicada através de concurso público. A Wall Up, cofundada por Costa Freire e sua filha Sofia, foi responsável por projetos de arquitetura e fiscalização de obras realizadas pela autarquia, explica o Correio da Manhã.
Entre os contratos destacam-se os relacionados com Nuno Piteira Lopes, atual vice-presidente da Câmara de Cascais, que assumiu a responsabilidade pela Promoção da Habitação e Licenciamento Urbanístico em janeiro de 2024 após a saída de Miguel Pinto Luz para o governo, onde é o atual ministro das Infraestruturas e Habitação.
Piteira Lopes afirma que não teve intervenção direta nos processos de contratação pública, referindo que as propostas foram apresentadas pelo presidente da câmara, Carlos Carreiras, e aprovadas por unanimidade em reuniões camarárias.
Costa Freire, que foi secretário de Estado entre 1987 e 1989, mantém ligações às empresas envolvidas. É sócio da Wall Up, enquanto a Socidirect é atualmente gerida pelas suas filhas, Sofia e Patrícia. As duas empresas têm também uma longa relação com a autarquia, sendo parte de um total de 109 adjudicações na área da habitação realizadas este ano pela Câmara de Cascais, somando 65 milhões de euros.
No passado, Costa Freire esteve envolvido em polémicas que marcaram a sua carreira política. Foi o primeiro político português detido preventivamente, em 1990, e posteriormente condenado por irregularidades financeiras. O caso arrastou-se até 2004, devido a uma ordem para repetir o julgamento, e os crimes acabaram por prescrever.
Os contratos recentes levantam questões sobre o aumento substancial das adjudicações em 2024 e as ligações entre os principais intervenientes. A Câmara de Cascais mantém que os processos seguiram os trâmites legais e foram aprovados em reuniões públicas.
Mais um corrupto. Infelizmente hoje em dia já não temos políticos sérios em nenhum partido. Isto é do género: Venha o diabo e escolha, qual deles o pior..
«…Carlos Carreiras é o pior, é o incompetente nisto, devia assumir a desgraça que foi em 2017…» – Presidente Rui Rio