Cristina Gatões, ex-diretora nacional do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), demitida em dezembro passado, foi chamada pelo seu sucessor, o tenente-general Botelho Miguel, para o assessorar e integrar um grupo de trabalho que vai reestruturar os vistos gold.
A notícia é avançada pelo Diário de Notícias, que teve acesso a um despacho interno datado de 28 de janeiro. No documento, o ex-comandante-geral da GNR, o tenente-general Botelho Miguel, nomeia Cristina Gatões para integrar um grupo de trabalho que “vai analisar soluções que assegurem maior eficácia e eficiência no âmbito da permanência em Portugal dos titulares de residência para atividade de investimento”.
Nesse despacho, Cristina Gatões é apresentada como “assessoria da Direção Nacional”.
A ex-diretora do SEF, demitida em dezembro passado, é a única inspetora, sendo esta equipa constituída por mais duas técnicas superiores, uma delas a coordenar. O grupo foi criado para, entre outros objetivos, “garantir os agendamentos a todos os cidadãos estrangeiros” e “alargar as medidas excecionais para todas as situações de pendências”.
A 15 de dezembro, numa audição no Parlamento na comissão de Assuntos Constitucionais, Eduardo Cabrita justificou a demissão de Gatões por não ter “condições para liderar o SEF no quadro da reestruturação profunda que será desenvolvida neste organismo”.
Cristina Gatões, que chegou a estar em vias de ser nomeada oficial de ligação em Londres, nunca chegou a explicar a sua atuação desde que soube da morte do cidadão ucraniano Ihor Homeniuk.
Ihor Homeniuk terá sido vítima de violentas agressões por três inspetores do SEF, acusados de homicídio qualificado e cujo julgamento começa a 20 de janeiro do próximo ano, com a alegada cumplicidade ou encobrimento de outros 12 inspetores e de uma funcionária administrativa.
O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, que tem estado debaixo de fogo por causa do caso, anunciou no Parlamento que a legislação sobre a restruturação do SEF será produzida em janeiro.
O Governo vai extinguir o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) e até já tem um plano para isso, no qual está prevista a mudança de nome e a reestruturação das funções.