O antigo presidente executivo da Groundforce integra um grupo que fez uma oferta pelas ações da empresa de handling ao Montepio, mantendo o interesse na empresa.
“Está um processo a decorrer e eu entendo que todas as partes estão focadas em que exista um player internacional”, indicou Paulo Neto Leite, em declarações à agência Lusa.
“Desde o momento em que saí da Groundforce que mantive e mostrei interesse, porque acredito na empresa, nos trabalhadores e acredito que as coisas têm que ter uma solução que passe por não usar os trabalhadores como plataforma de pressão”, referiu, acrescentando que participou numa “proposta robusta” à compra das acções, sem revelar quem são os parceiros.
O jornal online ECO avançou, esta terça-feira, que o Montepio tomou controlo da Groundforce, depois de o tribunal ter considerado “improcedente” uma providência interposta por Alfredo Casimiro, da Pasogal, para impedir este controlo.
Desta forma, o banco, que tinha contratado o Bison Bank para organizar um leilão das ações detidas pelo empresário e que estão penhoradas, já pode vendê-las. O mesmo jornal digital adianta que o banco de investimento já recebeu propostas não vinculativas e que é quase certo que será um operador europeu a ficar com elas, estando na calha a Swissport ou a Aviapartner.
Ontem à tarde, o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, disse no Parlamento que o Estado e a TAP irão assegurar uma solução para a Groundforce, mesmo que falhe este processo de venda das acções da empresa a cargo do Montepio.
“Estamos a acompanhar e temos a expectativa de que o processo de venda por quem tem o direito de vender seja concluído com sucesso e isso significaria a entrada de um sócio com capacidade financeira para podermos iniciar uma vida de estabilidade”, referiu.
No entanto, “se o Montepio não conseguir proceder à venda, o Estado ou a TAP encontrarão uma solução”, garantiu o governante.
Para Paulo Neto Leite, a existência desta solução do Governo é algo “excelente”. “A TAP precisa da Groundforce, o turismo precisa da Groundforce e o PIB precisa da Groundforce”, salientou.
“Não podemos estar reféns da opinião e dos desejos de uma pessoa que nuns dias quer uma coisa e noutros quer outra”, referiu, indicando que as declarações de Pedro Nuno Santos mostram que “há varias opções”.
Quanto às dívidas que a empresa tem para com a ANA, que já motivaram a gestora a avisar que poderá avançar com a revogação de licenças, Paulo Neto Leite disse que “uma empresa não pode sobreviver apenas pagando salários, os fornecedores também têm eles próprios salários para pagar, tem de haver um enquadramento para que a empresa tenha viabilidade”.
Porém, esta terça-feira, o ministro das Infraestruturas voltou a afastar a hipótese de nacionalizar a Groundforce. “A nacionalização não era e continua a não ser hoje uma boa opção“, sublinhou.
A Groundforce é detida em 50,1% pela Pasogal e em 49,9% pelo grupo TAP, que, em 2020, passou a ser detido em 72,5% pelo Estado português.
ZAP // Lusa