Mário Centeno continua a incentivar uma solução conjunta assente na ideia da solidariedade europeia perante “uma crise inesperada e sem precedentes” devido à pandemia de Covid-19. Como presidente do Eurogrupo, o ministro das Finanças de Portugal diz que a União Europeia precisa do seu “próprio Plano Marshall”, sem contar com a ajuda de terceiros.
“Somos a nossa melhor e a única linha de defesa“. O alerta é lançado por Mário Centeno numa entrevista conjunta, por vídeo-conferência, com vários órgãos de comunicação social europeus, incluindo o espanhol El País.
“Não podemos depender dos EUA, nem de nenhum outro país”, o que “nem sequer é desejável”, salienta Centeno. “Devemos ser o nosso próprio Plano Marshall“, avisa.
Depois de ter escrito aos ministros das Finanças da Zona Euro para os alertar de que o futuro da União Europeia (UE) depende da resposta que esta der à crise, Centeno volta a sublinhar a necessidade de encontrar uma solução conjunta e sem que as ajudas a estabelecer provoquem “o estigma dos países”, respeitando “o sofrimento dos cidadãos”. Centeno não quer que ocorra o mesmo que aquando da crise de 2008, em que os países do Sul surgiram como os Estados-membros mal comportados, tendo sido obrigados a reformas e medidas muito duras de austeridade.
Só que no caso desta crise, não há “um modelo do passado” para lhe fazer face, lembra Centeno. “Os países da UE e da Zona Euro devem estar à altura na sua resposta à crise humanitária, sanitária e económica“, salienta.
“Ao contrário do que aconteceu depois da II Guerra Mundial, não podemos contar com outros para a fase de recuperação”, avisa também, frisando que essa recuperação “deve ser financiada pelos europeus“.
“Sairemos desta crise com um nível de endividamento mais elevado”, reconhece também Centeno, falando de “um choque simétrico”, com a dívida a aumentar “de modo generalizado” em toda a UE.
Assim, é “importante que esta nova dívida não crie obstáculos para as necessidades financeiras dos países”, realça com o olho no modo como foi a ajuda a países como Portugal e Grécia, aquando da crise de 2008. Assim, Centeno pede agora “vencimentos longos e taxas de interesses baixas” para poder “gerir esta nova dívida”.
Quanto ao Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) que países como Alemanha e Holanda preferem usar para responder às necessidades de ajuda associadas à pandemia, Centeno lembra que está preparado para a “lógica da crise da dívida soberana”. Mas, segundo o presidente do Eurogrupo, não faz sentido vincular a crise provocada por esta pandemia a “programas de privatização ou a reformas laborais”.
“As condições devem estar relacionadas com o coronavírus e, a longo prazo, o Estado-membro beneficiado deve voltar a uma posição estável, a um caminho sustentável”, refere, reforçando que é preciso “evitar qualquer estigma sobre os países e respeitar o grande sofrimento que os cidadãos estão a passar com os mais de 50 mil falecidos” e “também como resultado do sofrimento económico e social que advém”.
“Se não o respeitarmos, não estaremos a honrar o legado dos pais fundadores da Europa nos últimos 70 anos” e “será um grande erro”, avisa ainda.
Sobre os coronabonds ou eurobonds, Centeno reconhece que têm “apoios activos” e “algumas resistências”, mas nota que “o debate está aberto”. “Devemos ser criativos” porque vão ser necessários “novos recursos depois deste período para impulsionar um plano de recuperação”, constata.
Centeno fala ainda da proposta de França de criar um Fundo Europeu que se possa endividar para ajudar na recuperação, explicando que seria “um fundo temporário” que “emitiria bonds com garantias conjuntas dos Estados-membro”. “Não se trata dos eurobonds, mas de um ponto intermédio e é aí, exactamente, que há margem de manobra”, conclui.
UE está a preparar “malha de protecção de meio bilião de euros”
Em termos de medidas concretas, o presidente do Eurogrupo frisa que está a ser preparado um novo pacote de medidas “para defender a Zona Euro e a UE”, com as ideias a desenvolverem-se em torno de “três redes de segurança”, “para a dívida soberana, para as empresas e para os trabalhadores”.
“Deve ser um plano o mais integral possível para todos os sectores da nossa economia”, diz, sublinhando que se está “a trabalhar numa linha de crédito aberta a todos os países de até 240 mil milhões de euros“. “Será uma nova linha de defesa”, constata.
Centeno fala ainda de uma “proposta do Banco Europeu de Investimento (BEI) com uma garantia pan-europeia de até 200 mil milhões“, salientando que “os detalhes não estão terminados”, mas que será “sobretudo para pequenas e médias empresas“.
A Comissão Europeia também apresentou a “medida de 100 mil milhões de euros para criar uma rede de segurança para sistemas de protecção de emprego“, lembra Centeno, concluindo que no total estamos a falar de “uma malha de protecção de cerca de meio bilião de euros”.
Todavia, ainda falta “muito compromisso por parte dos estados-membro” da UE. O debate sobre a resposta que a UE vai dar a esta pandemia só está a começar, como alerta Centeno. O próximo capítulo será já na próxima semana, aquando da reunião do Eurogrupo, com os ministros das Finanças da Zona Euro, onde Centeno vai tentar ser o pivot de um entendimento alargado.
Querem relançar a economia com créditos às empresas, mas as empresas – apesar de os poderem pedir – não os querem, pois apenas representam mais dívidas para o futuro. A única solução para relançar a economia – e que muitos economistas infelizmente não têm capacidade mental para perceberem – seria dar (sim, dar) dinheiro a todas (sim, todas) as pessoas. Por exemplo, 250 euros por mês a todos (sim, todos) os europeus, independentemente de serem ricos, pobres ou remediados, mulheres, homens, crianças ou idosos, trabalhadores, desempregados, reformados ou bebés de colo, e de terem tido ou não quebras nos seus rendimentos! Custaria à Europa 112 mil milhões de euros por mês, ou seja, 1350 mil milhões de euros num ano e seria muito mais eficaz do que todos estes pacotes de apoio. Dessa forma, muitas pessoas que perderam parte do seu rendimento habitual teriam mais facilidade em manter o pagamento das casas, das rendas e da comida, o que seria bom para a economia (por exemplo, numa família de 3 pessoas, seriam mais 750 euros *a juntar* ao restante rendimento que a família tivesse disponível). Outras pessoas gastariam esse dinheiro noutras coisas ou simplesmente poupá-lo-iam, o que seria igualmente benéfico. Depois, os estados iriam buscar 30% ou 40% desse dinheiro em impostos, o que ajudaria a reforçar as finanças públicas dos diferentes estados. Dizem os economistas da nossa praça e europeus – E depois, quando pagaríamos esse dinheiro? E eu pergunto – A quem? A vantagem é que no fim não teríamos de pagar esse dinheiro à Alemanha, uma vez que os alemães também teriam recebido os mesmos 250 euros/pessoa/mês. Nem teríamos que o pagar a ninguém! Dizem outra vez economistas da nossa praça e europeus – Mas não podemos criar simplesmente dinheiro e dá-lo às pessoas, pois isso cria inflação. E eu digo, é exatamente isso que temos de fazer! Numa crise em que nos arriscamos a entrar em deflação, criar dinheiro e dá-lo às pessoas é exatamente o que temos de fazer. Por exemplo, se o Japão, durante a década de 90 do século passado, tivesse feito isso, não teria passado uma década e meia de estagnação económica. Tirem os preconceitos da vossa mente e ajudem mesmo as pessoas. Se não o fizerem, vão ver o AFD a ganhar as próximas eleições na Alemanha, ou o Chega a tornar-se o 2 partido em Portugal! Foi assim que o hitler chegou (democraticamente) ao poder!