Nova Iorque está a oferecer seis dólares por hora e material de proteção individual aos prisioneiros de Rikers Island que aceitem ajudar a cavar valas comuns.
Projeções da Fundação Gates apontam que, em Nova Iorque, o pico da curva de contágios deve ocorrer no final de abril, o que pode significar um total de 16 mil mortes. O governador Andrew Cuomo estima que os hospitais da cidade vão necessitar entre 75 mil e 110 mil camas e entre 25 mil e 37 mil ventiladores, conforme o nível de respeito pelas medidas de distância social.
No entanto, se Nova Iorque pode ser considerada o epicentro do surto de coronavírus nos Estados Unidos, a situação é bem pior na prisão de Rikers Island, a maior prisão nova-iorquina. De acordo com o Observador, a taxa de infeção entre os reclusos e os funcionários daquela prisão isolada é sete vezes superior à taxa da cidade.
A prisão está sobrelotada e os reclusos não conseguem manter a distância social recomendada. “Vamos todos começar a cair”, disse uma reclusa em declarações à New York Magazine.
Enquanto noutros países, prisioneiros estão a ser libertados e alguns estão a cumprir o resto da pena com pulseira eletrónica, em Nova Iorque, os cinco procuradores do Estado mostram-se contra qualquer libertação de larga escala por motivos sanitários.
Como alternativa, a câmara municipal da Nova Iorque está a oferecer seis dólares por hora e material de proteção individual aos prisioneiros de Rikers Island que aceitem ajudar a cavar valas comuns na ilha, avança o The Intercept.
O presidente da câmara Bill de Blasio explica que a proposta faz parte de um plano mais vasto e não está diretamente relacionado com a pandemia de covid-19. Esta ideia já terá surgido em 2008, como preparação para uma outra epidemia de gripe. Neste caso, as valas seriam compostas por “10 caixões dispostos longitudinalmente numa secção estreita aberta no chão”.
O plano prevê um contrato com o cemitério de Hart Island, que teme “não ser suficiente para acomodar um grande fluxo de falecidos a necessitar de enterro”.