Afinal o novo coronavírus pode ter chegado mais cedo, e ninguém se apercebeu. Milhares de casos de gripe na cidade Seattle, entre janeiro a março, foram na verdade Covid-19. De acordo com o novo estudo, o vírus já estava presente nos EUA muito antes do que se pensava.
Investigadores americanos avaliaram amostras de saliva em análises de pessoas que apresentaram sintomas de gripe em Seattle, entre o final de fevereiro e o início de março, e descobriram que, nestas amostras, mais de 1 em 10 casos eram afinal Covid-19.
O estudo, apresentado a semana passada no jornal EClinicalMedicine, explica que cerca de 9000 pessoas podem ter contraído Covid-19 até 9 de março, altura em foram detetados os primeiros casos.
Segundo o IFLS, a equipa da Universidade do Texas, em Austin, analisou os dois primeiros períodos da pandemia em Wuhan, na China, e em Seattle, nos EUA. Os investigadores analisaram relatórios médicos, e casos de sintomas semelhantes aos da gripe relatados em Wuhan, em janeiro, e em Seattle, entre fevereiro e março.
Lauren Ancel Meyers, investigadora da Universidade do Texas, explica que “mesmo antes de percebermos que a Covid-19 estava a espalhar-se pelo mundo, os dados indicam que, a avaliar pelos sintomas, houve pelo menos um caso de Covid-19 para cada dois casos de gripe”.
Embora em ambas as cidades a maioria das ocorrências tenha sido de gripe, as ocorrências nas duas demonstraram que já havia disseminação do vírus, e foi bem mais rápida do que os relatórios da da época concluíram.
Na cidade chinesa, mais de um terço das pessoas analisadas foram confirmadas com Covid-19. As infeções ocorreram entre 30 de dezembro de 2019 e 12 de janeiro de 2020. A 22 de janeiro haviam 422 casos conhecidos, mas tendo em conta a análise que foi feita pela equipa, estima-se que já podiam haver mais de 12 mil casos não detetados.
Em Seattle, os especialistas acreditam que pode ter havido mais de 9000 casos até 9 de março, semana em que as escolas foram fechadas, embora os números oficiais apontassem para apenas 116 casos. Observando a análise feita às faixas etárias, cerca de um terço dos casos eram, provavelmente, crianças.
O primeiro caso pode ter surgido entre 26 de outubro e 13 de dezembro de 2019, em Wuhan, enquanto em Seattle ocorreu entre o Natal e 15 de janeiro. O primeiro caso oficial de Covid-19 nos Estados Unidos foi anunciado a 21 de janeiro, após um homem ter regressado de Wuhan para Washington.
Num estudo anterior, os mesmos investigadores dizem ainda que, presumindo que 50% dos casos são assintomáticos, pode ter havido até 15 mil casos de Covid-19 na mesma altura.
Meyers explica que “é fácil juntar as peças da história desta pandemia, e usar uma combinação de técnicas de investigação, pois isso ajuda a entender como a pandemia se espalhou tão rapidamente no mundo, antecipando o que podemos esperar para os próximos tempos”.
Atualmente, os EUA são o país com o maior número de casos de Covid-19 desde abril. Os números apresentam 5,2 milhões de casos confirmados, e mais de 167 mil mortes. Contudo a análise dos dados dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) sugere que estes números podem estar abaixo reais.
Coronavírus / Covid-19
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