Adeus pen drives. Este “cartão de crédito” permite-lhe gravar dados em ADN

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ZAP // Dall-E-2

Tecnologia converte o código binário de um ficheiro numa sequência das quatro bases químicas do ADN. Com uma vida útil de 150 anos — no mínimo — este pequeno cartão torna-se uma opção viável para armazenar dados valiosos.

Se está sem espaço na nuvem ou no cartão de memória, há uma nova solução para armazenas dados.

Um cartão sensivelmente do tamanho de uma carteira desenvolvido pela Biomemory já permite armazenar um quilobyte de dados de texto — o equivalente a um curto e-mail — recorrendo à molécula que transporta o plano genético dos organismos vivos: ácido desoxirribonucleico, mais conhecido como ADN.

O ADN é composto por quatro bases químicas: adenina (A), citosina (C), guanina (G) e timina (T). O armazenamento de dados em ADN envolve a conversão do código binário de um ficheiro numa sequência destas bases.

A startup francesa oferece uma interface online para os clientes inserirem o seu texto, que é depois traduzido em código de ADN e sintetizado numa cadeia de ADN. Posteriormente, essa cadeia é seca e armazenada num dispositivo do tamanho de um cartão de crédito com um selo protetor.

Para recuperar os dados armazenados, os clientes podem enviar um dos seus dois cartões idênticos para a Biomemory. O ADN é novamente hidratado e lido por uma máquina de sequenciação e a sequência resultante é enviada de volta ao cliente por e-mail para tradução através do site da startup.

Mais estável e mais económico

A startup francesa vai na onda da crescente popularidade do conceito de armazenamento de dados em ADN como solução potencial para a criação de dados em rápido crescimento, ultrapassando o espaço de armazenamento disponível.

O ADN é um meio de armazenamento extremamente denso; por exemplo, um grama de ADN pode conter milhões de cópias de um filme, explica o Wired. É também estável ao longo do tempo e consome muito menos energia do que os métodos de armazenamento atuais.

Os cartões da Biomemory prometem uma vida útil de pelo menos 150 anos, superando significativamente os discos rígidos e pen drives. E o objetivo da Biomemory, segundo o CEO, é mesmo substituir os discos rígidos nos centros de dados, que atualmente são intensivos em energia e extensos.

“A computação sempre se baseou na eletrónica”, diz Erfane Arwani. “Isso é bom porque é muito rápido. Pode-se aceder aos dados em nanossegundos. No entanto, a eletrónica é muito frágil e muito difícil de manter”, explica.

Opção viável para guardar dados valiosos

Especialistas veem o armazenamento de ADN como uma opção viável a longo prazo para armazenar dados valiosos, mas pouco acessados, como senhas críticas ou mensagens sentimentais.

“Tem de ser algo pelo qual se preocupa muito em ter para sempre, mas que não recupera frequentemente”, lembra o cientista Nicholas Guise, do Laboratório de Pesquisa em Cibersegurança, Proteção de Informação e Avaliação de Hardware (CIPHER) no Instituto de Pesquisa Tecnológica da Geórgia.

“Com um quilobyte não se pode fazer muito, mas numa escala um pouco maior, pode-se começar a armazenar fotos de família e vídeos caseiros”, prevê.

Mark Bathe, professor de engenharia biológica no MIT que estuda o armazenamento de dados em ADN, acredita que os cartões da Biomemory vão ditar o interesse do consumidor por este tipo de produto.

“Há muitas teorias sobre se o armazenamento de dados em ADN é valioso e útil”, diz Bathe, “mas até que se tenha um produto como este e se deixe as pessoas decidirem se querem comprar isto num mercado livre, não se pode realmente fazer essa experiência.”

A Biomemory está prestes a abrir encomendas para estes cartões de armazenamento de ADN em dezembro, com entregas planeadas para o início de janeiro. A oferta inicial servirá precisamente como um teste do interesse dos consumidores no armazenamento de dados baseado em ADN.

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