Imagens de espionagem desclassificadas revelam segredos do Império Romano

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(dr) Casana, Goodman, F

Centenas de antigos fortes romanos na Síria foram desenterrados, mudando a nossa compreensão das fronteiras geográficas do Império Romano.

Isto foi possível graças à análise de observações de satélites espiões da Guerra Fria, recentemente desclassificadas, realça a revista VICE.

Há cerca de um século, o Padre Antoine Poidebard, um padre jesuíta e piloto da Primeira Guerra Mundial, embarcou num dos primeiros levantamentos arqueológicos aéreos conhecidos. As suas expedições sobre o Iraque, a Síria e a Jordânia levaram ao mapeamento de centenas de fortes romanos anteriormente não descobertos. Há muito que se pensa que estes fortes delimitam a fronteira oriental do antigo Império Romano.

Agora, uma equipa de investigadores do Dartmouth College analisou imagens desclassificadas dos programas de satélites espiões norte-americanos CORONA e HEXAGON. As suas descobertas não só redesenham como alargam as fronteiras do Império Romano na mesma região que Poidebard explorou.

Conforme detalhado no seu estudo publicado na revista científica Antiquity, os investigadores identificaram um número impressionante de 396 fortes ou estruturas semelhantes a fortes, anteriormente não documentados, que se estendem desde o oeste da Síria até ao noroeste do Iraque.

De notar que o trabalho de Poidebard na mesma área identificou 116 fortes, o que torna esta recente descoberta significativa. Além disso, a distribuição desses fortes recém-identificados contradiz a tese de Poidebard, que defende que o Império Romano estabeleceu uma linha de defesa norte-sul na região.

“Em vez disso, mostramos que os fortes formam uma linha aproximadamente leste-oeste, seguindo as margens do deserto interior, ligando Mosul, no rio Tigre, a leste, a Alepo, no oeste da Síria”, escrevem os autores do artigo.

As imagens de satélite espião da era da Guerra Fria tornaram-se um recurso inestimável para os arqueólogos nos últimos anos.

Em 2022, uma outra equipa de investigadores sublinhou num artigo da revista Antiquity que as imagens de satélite CORONA se tinham tornado uma componente integral da investigação arqueológica ao longo do último quarto de século, particularmente em regiões de vegetação escassa como o Médio Oriente. A desclassificação das imagens do programa sucessor do CORONA, o HEXAGON, em 2020, revelou-se igualmente indispensável.

Os autores deste novo estudo referiram que tinham publicado anteriormente um estudo baseado apenas em imagens CORONA. No entanto, as imagens do HEXAGON caracterizam-se pela sua resolução superior, oferecendo uma perspetiva mais detalhada dos sítios arqueológicos.

“Muitos destes sítios de maiores dimensões incluem vestígios extensos de elementos arquitetónicos periféricos em redor ou no interior das fortificações, vários edifícios fortificados ou grandes cidadelas”, descreveram os investigadores.

ZAP //

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