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Especialistas rejeitam levantamento de restrições. Ainda é demasiado cedo

Manuel de Almeida / Lusa

Especialistas do Instituto Ricardo Jorge não concordam com o levantamento das restrições que está a ser pensada pelo Governo. Ainda é demasiado cedo, avisam.

Face ao abrandamento da evolução do surto de coronavírus em Portugal, o Governo admite já o levantamento de algumas restrições. A decisão final será tomada na próxima semana. No entanto, os especialistas do Instituto Ricardo Jorge (INSA) discordam do levantamento imediato das restrições, avisando que ainda é cedo demais para isso.

Em declarações ao Observador, os especialistas sugerem que um levantamento precoce das medidas pode fazer subir o valor de “R” (o número médio de pessoas a quem cada doente infetado transmite a doença). A ideia é reduzir o valor até pelo menos 0,7 antes de sequer começar a pensar em aligeirar as restrições. Atualmente, o “R” em Portugal ronda os 0,9.

“Agora está à volta dos 0,9. É a estimativa que temos. Tem variado de região para região, mas tem andado à volta desses valores e sempre abaixo de 1”, disse Baltazar Nunes, coordenador da Unidade de Investigação Epidemiológica do INSA. “O 0,7 dá uma maior folga na implementação de medidas do que o 0,9. E se tivermos 0,5, ainda é melhor, por exemplo”.

A expectativa é que o regresso à normalidade possa começar a ser feito já a partir do início do mês de maio. Contudo, Baltazar Nunes realça que o aligeirar da contenção representa sempre uma subida do valor do “R”.

“Temos de saber em quanto é que as medidas que vamos implementar vão aumentar o R. Imagine que pretendemos reabrir o pequeno comércio. Para saber qual é o impacto, tenho de saber em quanto é que isso vai aumentar a taxa de contacto entre as pessoas”, disse ainda o especialista do INSA, salientando que Portugal tem de se basear nos países que vão à frente no combate à pandemia.

Para Baltazar Nunes, o levantamento de medidas deverá ser feito numa altura em que se registe um menor número de pessoas internadas nos cuidados intensivos.

ZAP //

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