Luísa Schmidt, especialista em Sociologia do Ambiente, critica o “desleixo enorme” de Portugal na gestão dos rios com Espanha, a decisão de acabar com as administrações de regiões hidrográficas e afirma ser necessário poupar água.
A socióloga Luísa Schmidt afirma que há um problema grave de desordenamento de território, que este ano “ficou à vista com os incêndios e com a desertificação e seca no país”. A especialista afirma que Portugal não consegue criar um modelo de desenvolvimento que “seja sustentável e que permita acautelar as questões ambientais”.
Em entrevista à Renascença, a investigadora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa afirma que houve um grande descuido por parte de Portugal, “porque nós devíamos ter acompanhado muito mais de perto a Convenção de Albufeira” de gestão comum das águas fluviais.
Luísa Schmidt afirma, ainda, não haver informação suficiente sobre a quantidade e qualidade da água que passa na fronteira. “Isto é um desleixo enorme da parte portuguesa”, lamenta a investigadora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.
Esta semana, no workshop “Gestão da água nos rios internacionais: novos desafios e oportunidades”, no Porto, o ministro do Ambiente garantiu que Espanha cumpriu a Convenção de Albufeira.
João Pedro Matos Fernandes explicou que, no que diz respeito ao Guadiana e ao Douro, Espanha cumpriu a 100% os parâmetros, enquanto no Tejo, onde há obrigações de caudais semanais, trimestrais e anuais, houve “uma única” semana, na qual o débito da água não foi o esperado, devido a obras numa barragem, tendo sido “compensado largamente” na semana seguinte.
Em relação à decisão de acabar com as administrações de regiões hidrográficas, tomada em 2011 pela então ministra do Ambiente Assunção Cristas, Luísa Schmidt diz ter sido “um erro muito grande“.
“Acabaram com as administrações de regiões hidrográficas que faziam e ainda fazem todo o sentido, porque são formas de gerir o recurso água através dos rios, têm uma preocupação que vai desde a fonte até à foz e o cuidado de todo o rio ao longo do seu curso. Eram uma espécie de ‘Ovo de Colombo’ que existe em Espanha, em França, e que funcionam”, refere a especialista.
Sendo a água um recurso cada vez mais escasso, a investigadora defende que o nosso país terá de mudar e a aproveitar a água que ainda resta. Para isso, Luísa Schmidt diz ser necessário criar uma agricultura que seja menos gastadora de água, já que em Portugal e Espanha, 75% da água é usada na agricultura.
“Por outro lado, é preciso acautelar muito as bacias hidrográficas e pouparmos água em muitas coisas. Em alguns sítios do país, como o Alentejo, Lisboa ou Algarve, não faz sentido nenhum regar relvados com água de consumo”, conclui.
Ai Assunção Cristas, Assunção Cristas!!!!!!!
Então o que andaste a fazer???
acabou com as administrações de regiões hidrográficas e acabou muito bem. Nada faziam. Alguém já devia ter acabado com aquilo antes. São necessárias estruturas para administrar o recurso água mas têm de ser entidades sérias, com pessoas competentes e não a vergonha das administrações de regiões hidrográficas que tínhamos, apenas comparáveis às entidades gestoras dos parques naturais. Parabéns Cristas!