“Tempos excepcionais exigem medidas excepcionais”. É desta forma que Espanha vai propor à Comissão Europeia, na reunião extraordinária desta terça-feira, uma “solução revolucionária” para acabar com a escalada de preços na energia. E os portugueses também podem ser beneficiados se for aprovada.
Espanha vai solicitar a Bruxelas permissão para abandonar o sistema de preços europeus da electricidade, segundo adianta o espanhol El País.
O jornal teve acesso a um “documento oficioso” onde Espanha assinala que “em situações excepcionais, deve permitir-se aos Estados-membro adaptar a formação do preço da electricidade às suas situações específicas“, como cita o El País.
Assim, o Governo espanhol coloca em cima da mesa uma “solução revolucionária”, segundo o mesmo diário, para permitir um mecanismo que reflicta o preço mais barato das energias renováveis nos preços finais da luz pagos pelos consumidores.
Esta medida avançada pelo Governo espanhol surge numa altura em que os ministros da Energia da União Europeia (UE) procuram soluções para fazer face à escalada de preços da electricidade, devido ao aumento dos preços do gás.
“Solução revolucionária” pode ser boa para Portugal
Espanha perdeu a paciência com “os tempos de Bruxelas”, avança o El País. As palavras do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, já tinham denotado o desgaste com a demora da Comissão Europeia (CE) em tomar medidas para fazer face à escalada de preços.
Assim, Espanha propõe um mecanismo “extraordinário” e de excepção para “desvincular” o efeito do elevado preço do gás sobre o preço final da electricidade.
Portanto, o país vizinho quer recuperar a “liberdade para fixar os seus próprios preços de electricidade à margem do sistema europeu”, com o objectivo de que os consumidores possam beneficiar do menor custo das energias renováveis na factura da luz.
O documento a que o El País teve acesso foi distribuído pelos responsáveis espanhóis antes da cimeira de ministros europeus em torno da energia, que decorre nesta terça-feira, no Luxemburgo, para encontrar soluções para fazer face à crise energética que ameaça a recuperação da crise pandémica.
“Tempos excepcionais exigem medidas excepcionais com carácter de urgência”, considera Espanha, notando que cada aumento de um euro por MWh no preço do gás natural representa 2.700 milhões de euros por ano nos custos adicionais de electricidade para todos os consumidores europeus, conforme cita o El País.
Assim, a ideia de nuestros hermanos é romper com o actual sistema de fixação de preços da UE, onde é a energia mais cara que define o preço de todas as outras fontes. Esta fórmula acabou por levar a recordes nas tarifas de electricidade.
Mas em países como Portugal e Espanha, onde há uma produção significativa de energias renováveis, aumentar o peso destas na formulação do preço motivaria números mais vantajosos para os consumidores.
“Nestas circunstâncias extraordinárias, em vez do sinal de preço marginal puro (contaminado pelos picos dos preços do gás), o preço da electricidade obter-se-ia como um preço médio com referência também ao custo das tecnologias limpas infra-marginais (especialmente as renováveis)”, destaca Espanha.
“O preço da electricidade estaria directamente vinculado ao mix de produção nacional, protegendo, ao mesmo tempo, os consumidores de volatilidades excessivas e permitindo-lhes participar nos benefícios que proporciona um mix de geração mais barato”, defende ainda o Governo de Sánchez.
Oposição da Alemanha e do norte da Europa
Espanha vai, agora, procurar apoios entre os restantes Estados-membro para levar a sua ideia avante. Mas deverá ter a oposição provável de países como Alemanha, Áustria, Países Baixos, Irlanda e Finlândia.
Estes países e outros do Norte da Europa já vieram sublinhar, numa carta, que não podem apoiar “nenhuma medida que entre em conflito com o mercado interno do gás e da electricidade, como por exemplo uma reforma ad hoc do mercado grossista da electricidade”.
Alguém tem que começar a fazer alguma coisa… é hora de dizer basta aos cartéis multi-nacionais !
Acho bem!…
Algo de muito errado se passa com os “mercados” dentro da UE.
Não funciona em Portugal, aqui os preços só sobem, nunca baixam!
O problema é que a electricidade (e não só) subiu em toda a Europa (e não só) e, neste caso, a culpa é claramente das opções/politicas da UE!
Claro que sim?
A UE vai ter uma grande força negacionista pela frente em relação aos Países Europeus ricos, porque já se viu que isto da UE é uma tanga, só favorecem os Países ricos?
Mais um levantar do véu das falhas impostas pela UE!
Qual o peso do Gas na producao de Electricidade em Portugal ?? Ainda existem centrais de producao a gas ( O Carregado ; sines (?); e no norte tb (acho ))
qual o consumo de Gas em Portugal – directamente pelo consumidor final )?. O preco deveria ser baseado nesse Peso em relacao a todas as outras fontes…
Mais o Gas em portugal vem da Argelia. O gas no norte da europa vem da 1-Russia;2-Noruega;3-Holanda; 4 UK.. Logo temmais interesse a dividir os custos por mais Paises….
Aideia espanhola e’ Muito bem pensada e deveria ter apois directos de todos os paises Do SUl da europa pois as fontes de electricidade sao mais diluidas que no Norte….
A opção de usar o preço marginal é uma idiotice teórica e uma esperteza económica para grandes empresas do setor da energia. Quando um sistema eletroprodutor tem alguma homogeneidade no conjunto das tecnologias, a fixação do preço em função do custo marginal de produção de longo prazo é mais ou menos racional porque é uma aproximação ao terorema do valor marginal que permite afirmar que a curva do valor marginal interseta a curva do custo médio do ponto mínimo desta última. Porém, desde logo é necessário que o sistema em causa seja relativamente homogéneo, o que habitualmente quer dizer também geograficamente confinado, que os custos de produção sejam conhecidos para garantir transparência na fixaçao dos preços e que se aceite que é uma aproximação porque o teorema do valor marginal pressupõe um mercado perfeito, coisa que não existe, muito menos em ambiemnte de oligopólio como é o setor elétrico e muito menos ainda quando os custos de pordução são mascarados pelos preços oferecidos pelos ofertantes no mercado.