/

Espanha pede união, França aplica multas e EUA anunciam plano de assistência social

Manuel de Almeida / Lusa

Esta quarta-feira, o rei de Espanha apelou à união, a polícia francesa multou mais de 4.000 pessoas e os Estados Unidos anunciaram um plano de assistência social para as pessoas afetadas pela pandemia de Covid-19.

O ministro do Interior francês, Christophe Castaner, disse esta quarta-feira que nas primeiras 36 horas de quarentena reforçada a polícia multou mais de 4.000 pessoas por circularem na rua sem apresentarem a declaração justificando o motivo.

O nosso objetivo não é sancionar, é proteger os franceses e a melhor maneira de os proteger é convencê-los a ficar em casa, mas temos de ter um elemento de pressão e é por isso que a polícia está mobilizada”, indicou o governante numa entrevista na televisão francesa.

Para circularem na via pública, os franceses precisam de se fazer acompanhar de uma declaração, disponível no site do ministério do Interior, que eles próprios preenchem e onde justificam a saída, declarando por sua honra que não estão a violar as regras em vigor, e que terão de mostrar se abordados pelas autoridades.

Segundo Castaner, a polícia passou mais de 4.095 multas, que começam nos 135 euros e podem chegar quase a 400, em todo o país. As multas podem ser aplicadas caso as pessoas estejam na rua e não apresentem uma justificação para a sua deslocação – os franceses podem sair de casa para trabalhar, ir às compras, ao médico, prestar serviço a um familiar dependente e fazer curtas sessões de exercício físico – ou caso esta esteja mal preenchida.

“Podemos sair, porque não vamos ficar sempre fechados, mas evitamos fazê-lo em grupo. Não vamos jogar futebol com os nossos amigos. Se for necessário, vamos sancionar mais”, avisou o ministro.

Para sair, é preciso ter a declaração em papel e preenche-la todos os dias, assinando-a. Este método é muito contestado porque muitas pessoas não têm impressora em casa, no entanto, o ministro recusou a ideia de ter o documento no telefone.

“Desde logo, as empresas que distribuiriam o justificativo aproveitariam para se apropriar dos dados dos utilizadores. Depois queremos evitar que as pessoas manipulem os telefones e para mostrar aos polícias, podiam estar a contagiá-los”, lembrou.

Apesar de todos os espaços comerciais não alimentares estarem fechados, os mercados a céu aberto continuam abertos, com alguns a serem ainda muito frequentados. O ministro sugeriu aos autarcas, que regulam estes mercados, que proíbam vendedores cuja mercadoria não é alimentar e assegurarem-se que as medidas de segurança sanitária estão a ser cumpridas.

A França tem atualmente 9.134 casos de Covid-19 e 264 pessoas já morreram do vírus.

Rei de Espanha pede ao país para estar unido

O rei de Espanha, Felipe VI, pediu esta quarta-feira aos espanhóis para deixarem de lado as divisões e apelou à união de todos contra o novo coronavírus, uma pandemia que, assegurou, será vencida. “Este vírus não nos derrotará. Pelo contrário, vai-nos fazer mais fortes como sociedade”, disse Felipe VI, numa mensagem institucional.

O soberano recordou os mais afetados pela pandemia e teve palavras de homenagem aos profissionais de saúde. “Agora temos de pôr de lado as nossas diferenças. Devemo-nos unir à volta do mesmo objetivo: ultrapassar esta grave situação. E temos de fazê-lo juntos, entre todos nós, com serenidade e confiança, mas também com decisão e energia”, sublinhou o chefe de Estado.

A mensagem institucional foi feita quatro dias depois de, no sábado passado, o Governo espanhol ter declarado o estado de emergência e numa altura em que a Casa Real espanhola está a ser posta em causa.

Felipe VI anunciou no domingo que renunciava a qualquer futura herança a que tenha direito do seu pai, o rei emérito Juan Carlos, depois de serem reveladas supostas irregularidades financeiras envolvendo o ex-monarca.

Ao mesmo tempo que o rei se dirigia aos espanhóis, 21:00 (20:00 em Lisboa), milhares de pessoas manifestaram-se à janela em todo o país a bater com panelas e a pedir que o pai do soberano, Juan Carlos, doasse ao Serviço Nacional de Saúde o dinheiro que teria recebido de forma ilegal.

Espanha é um dos países mais atingidos com a pandemia da Covid-19, que já infetou em todo o mundo mais de 210 mil pessoas, das quais mais de 8.750 morreram.

Plano de 100 mil milhões de dólares

O Congresso norte-americano aprovou um plano de assistência social de cerca de 100 mil milhões de dólares para trabalhadores diretamente afetados pela pandemia da Covid-19, enquanto a Casa Branca negoceia um plano de recuperação da economia dos EUA.

De acordo com a agência France-Presse, esta medida – apoiada pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump – foi aprovada em votação final global pela maioria republicana no Senado norte-americano, em Washington.

Os cerca de 100 mil milhões de dólares (mais de 91 mil milhões de euros) vão apoiar os trabalhadores norte-americanos afetados pela doença causada pelo novo coronavírus.

O executivo chefiado por Trump também está a negociar um plano para recuperar e estimular a economia dos Estados Unidos da América e que poderá ser de mais de 1,3 triliões de dólares (mais de um bilião de euros).

ZAP // Lusa

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.