Escutas com Passos Coelho sob investigação há 11 anos

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Tiago Petinga / EPA

Passos Coelho

Em causa telefonemas e SMS trocados com José Maria Ricciardi, ex-líder do Banco Espírito Santo de Investimento (BESI), sobre as privatizações da EDP e da REN.

Doze anos depois de gravadas e onze anos depois do arranque do processo, as interceções telefónicas entre o ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho e o banqueiro José Maria Ricciardi continuam a ser alvo de investigação pelo Ministério Público (MP).

As escutas, que estão relacionadas com as privatizações da EDP e da REN, foram gravadas em 2012, quando Passos era primeiro-ministro e Ricciardi liderava o Banco Espírito Santo de Investimento (BESI).

As gravações das conversas ocorreram no âmbito do processo ‘Monte Branco’, no qual Ricardo Salgado, ex-líder do BES, foi um dos principais arguidos — e no qual Ricciardi estava sob escuta.

Questionada pelo Correio da Manhã, a Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmou ao Correio da Manhã (CM) que o inquérito, processo n.º 195/13.3, ainda está sob investigação.

Apesar de não esclarecer se existem arguidos atualmente, sabe-se que Ricciardi e Jorge Tomé, arguido no mesmo processo, foram constituídos arguidos em 2013. Na época, Tomé presidia o Caixa Banco Investimento, instituição que assessorou o Estado na venda da EDP e da REN.

O ex-presidente do Banif e ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos foi também apanhado em escutas a discutir com Ricciardi os preços das propostas para a compra da REN, na noite anterior à aprovação das mesmas pelo Governo em Conselho de Ministros.

Tráfico de influência em causa (mas já prescreveu)

As escutas fortuitas entre Ricciardi e Passos Coelho levantaram suspeitas ao MP de que Ricciardi poderia estar a tentar influenciar Passos Coelho durante o processo de privatização.

A investigação gira em torno de um possível crime de tráfico de influência. No entanto, uma vez que os factos ocorreram em 2012, este crime já prescreveu.

Entre janeiro e julho de 2012, o economista contactou Passos Coelho por telefone e SMS a propósito das privatizações da EDP e da REN.

No entanto, Passos Coelho não era o alvo destas interceções telefónicas, nem suspeito de qualquer delito.

Ricciardi “não queria pedir nada”

Uma das conversas mais relevantes terá ocorrido em janeiro de 2012, duas semanas antes do Governo aprovar a privatização da REN.

Ricciardi mencionou a proposta dos chineses da State Grid, assessorados pelo BESI, indicando que não queria pedir nada diretamente. Passos Coelho, por sua vez, afirmou que não poderia discutir o assunto.

Ricciardi diz no telefonema que “não lhe quer pedir nada” e Passos Coelho “pede para José Maria não lhe levar a mal, mas que não pode falar com ele sobre esta matéria… pode dizer apenas que não sabe o ponto da situação”, relata o CM.

Nenhum dos envolvidos – Ricciardi, Passos ou Tomé – quis comentar o processo.

ZAP //

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11 Comments

  1. “Passos Coelho não era o alvo destas interceções telefónicas, nem suspeito de qualquer delito”. Qual o objetivo desta fantochada de notícia? Parece que o ZAP está com pouca matéria jornalística.

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    • Caro leitor,
      Não percebemos muito bem qual é o seu ponto de vista.
      O que está em causa não são as escutas, é o tempo da investigação.
      O ZAP acha obviamente que as escutas estarem em investigação há 11 anos é “matéria jornalística”.

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  2. ZAP, não me pronuncio mais. A notícia parece um rebuliço de contradições. Tendo havido prescrição da situação, e se o visado não foi acusado, não entendo qual é a necessidade de criar este texto, como se Passos Coelho fosse um criminoso.
    Às vezes, trata-se do tom e de coerência, apenas. 🙂

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  3. António Capuccino, você deveria ler as notícias antes de fazer certos comentários. Talvez a minha primeira “exposição” ajude a elucidá-lo nalgum aspeto.
    Uma maneira de ver quem foi melhor para o país é olhar para o número de bancarrotas em cada lado. Aqui está uma resposta para si, que, obviamente, põe em cheque aquilo que você escreveu anteriormente. 😉
    Passe melhor do que moderamente, e menos do que demasiado. 😉

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  4. Por favor; o Rodrigo está cheio de razão.
    Senão vejamos:
    Numa “… das conversas mais relevantes…”, “Ricciardi mencionou a proposta dos chineses … indicando que não queria pedir nada diretamente” ao que “Passos Coelho, por sua vez, afirmou que não poderia discutir o assunto”. Então Ricciardi diz no telefonema que “não lhe quer pedir nada”, ao que Passos Coelho “pede para José Maria não lhe levar a mal, mas que não pode falar com ele sobre esta matéria… pode dizer apenas que não sabe o ponto da situação”.
    Não sei se Passos Coelho é igual ou diferente de outros, o que sei é que nestas escutas não há nada a apontar-lhe, antes pelo contrário, esteve à altura do cargo que desempenhava.
    Isto realmente não é uma notícia e muito menos um título. Continuem a procurar.
    Para os leitores, tirem as vossas conclusões.

  5. O objectivo é prescrever, por isso vai-se enrolando para safar Governos, empresas, entidades, e particulares, mas o pior é quando tentam dar a ideia que os crimes de lesa-Pátria e ilegalidades cometidos nas privatizações de sectores estratégicos para o País, aconteceram por obra e graça do Espírito Santo.

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