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Ex-presidente do Banif foi arguido no processo Monte Branco

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Barcex / Wikimedia

Jorge Tomé, último presidente do Banif, foi interrogado e constituído arguido em 2013 no processo Monte Branco, o mega processo de branqueamento de capitais que implicou também José Sócrates e Ricardo Salgado.

A Sábado revela que o gestor foi questionado sobre a privatização da REN e salienta que é possível que o assunto chegue à comissão parlamentar de inquérito ao caso Banif, que arranca a 22 de março.

O interrogatório de Jorge Tomé no Departamento Central de Investigação e Ação Penal e a sua condição de arguido aconteceram no início de 2013, mas de acordo com a revista o facto passou despercebido até agora. O Ministério Público extraiu posteriormente uma certidão do processo e prosseguiu uma investigação autónoma sobre o caso.

“Confirmo que fui ouvido nesse processo nessa altura”, afirmou à Sábado, admitindo que tinha sido constituído arguido. No entanto, não deu mais explicações. “Isso é um não caso“, acusa.

Em 2012, Jorge Tomé saiu da Caixa Geral de Depósitos (CGD) – onde presidia o banco de investimento Caixa BI – para liderar o Banif, no qual em 2013 o Estado injetou 1,1 mil milhões de euros, equivalentes a uma participação de 60,53%.

O Banif nunca reembolsou o Estado, tendo acumulado prejuízos de mais de mil milhões entre 2012 e 2013.

A revista ressalta ainda que, quando foi constituído arguido, Jorge Tomé era presidente do banco apoiado pelo Estado e também namorado de uma acionista privada: Teresa Roque, filha do fundador do banco, Horácio Roque, e dona da Rentipar, acionista do Banif que controlava o banco antes da entrada do Estado e agora em processo de insolvência.

No entanto, a investidora no Banif reforçou à Sábado que “nunca misturei assuntos pessoais e profissionais. A posição isenta do Dr. JT [sic] sempre foi reconhecida pelo mercado”.

Monte Branco

No que toca à sua atuação na privatização da REN, o Público explicava na altura que as suspeitas das autoridades tiveram origem em escutas envolvendo responsáveis da Caixa BI e do Banco Espírito Santo Investimento (BESI), que assessoraram partes contrárias nos processos de privatização da REN e da EDP.

O BESI foi o consultor dos grupos chineses Three Gorges (EDP) e State Grid (REN), enquanto a Caixa BI e a Perella apoiaram o Estado. Na Caixa BI, o interlocutor habitual de Ricciardi foi Jorge Tomé, então presidente do banco de investimento da CGD.

De acordo com o Público, a ação dos investigadores teve origem em escutas telefónicas a Ricciardi entre setembro de 2011 e fevereiro de 2012, envolvendo altos responsáveis da Caixa BI, que sugeriram a existência de um conhecimento prévio das propostas concorrentes às privatizações da EDP e da REN, o que poderia indiciar interação sobre preços.

As conversas acompanharam as privatizações e culminaram na venda de 21,35% da EDP à Three Gorges, em dezembro de 2011, e na entrega de 25% da REN à State Grid, em fevereiro de 2012.

Em julho de 2012, o Ministério Público (MP) fez buscas na Parpública, que esteve a representar o Estado nas privatizações, à Caixa BI e ao BESI por suspeita da prática de crimes de fraude fiscal qualificada, tráfico de influências, corrupção e abuso de informação privilegiada. Meio ano depois, Jorge Tomé era ouvido e constituído arguido no processo.

ZAP

2 Comments

  1. Mais uma vez pergunto: e passado tanto tempo e milhões ”desaparecidos” ainda não está NINGUÉM PRESO??? Vai começar outra comissão parlamentar de inquérito para quê??? Para chegar à conclusão daquilo que já todos sabem??? Para dar mais alguns €€€ aos que dela fazem parte??? NO final em que é que dá??? Em nada, pois para nada servem as comissões parlamentares de inquérito. Na minha opinião deveriam chamar-se comissões paralamentar de inquérito. POBRE PAÍS.

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