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Escolhas “unilaterais” agitam PSD. Castelo Branco acusa direção nacional de desrespeitar estatutos

Filipe Farinha / Lusa

A concelhia do PSD de Castelo Branco acusou esta segunda-feira a direção nacional do partido de desrespeitar os estatutos, ao escolher “unilateralmente e discricionariamente” o nome de João Belém para candidato àquele município, contra a escolha dos órgãos locais.

Em comunicado enviado à agência Lusa, a concelhia do PSD de Castelo Branco refere que esta decisão e todas as consequências que a mesma terá no futuro “são da integral e exclusiva responsabilidade do presidente do PSD, Rui Rio”.

A Comissão Política Nacional do partido anunciou recentemente o nome do professor jubilado João Belém como o candidato do PSD à Câmara Municipal de Castelo Branco nas eleições autárquicas deste ano.

“A Comissão Política Nacional, em claro desrespeito pelos estatutos do PSD, optou por escolher, unilateralmente e discricionariamente, o nome de João Belém para candidato do PSD à Câmara Municipal de Castelo Branco”, lê-se na nota.

A concelhia afirma ainda que o órgão local, responsável pela escolha do candidato, “votou, por unanimidade, o nome do Carlos Almeida”, atual vereador e presidente da Comissão Política Concelhia do PSD de Castelo Branco.

“O mesmo sentido de voto, por unanimidade, foi acompanhado, igualmente, pela Comissão Política Distrital do PSD Castelo Branco”, sublinha.

No comunicado, o PSD Castelo Branco evoca “plena confiança no trabalho que tem vindo a ser realizado pela equipa que ganhou as eleições internas à concelhia em 2020, a qual tinha toda uma estratégia delineada para as eleições que se avizinham e que neste momento sofreu um revés comprometedor”.

“Aceitei o convite que me foi feito com muita honra e vou ter o privilégio de representar o PSD nesta disputa”, afirmou João Belém, em declarações à agência Lusa, na semana passda. O candidato social-democrata prometeu empenhar-se e “fazer tudo” para que o concelho de Castelo Branco seja um “local ainda melhor”.

Há muita coisa bem feita. Contudo, é necessário estabelecer novas estratégias, de forma a que o concelho se lance para o exterior. Falo da internacionalização”, sublinhou.

João Belém entende que o concelho de Castelo Branco deve “abraçar novos desafios” e, para isso, “precisa de andar à frente dos acontecimentos”.

João Belém foi deputado na Assembleia da República pelo PSD na V Legislatura e, durante anos, integrou a Distrital e a Concelhia do PSD de Castelo Branco. Natural de Portalegre, o candidato do PSD fez praticamente todo o seu percurso político e profissional em Castelo Branco, onde vive há mais de 40 anos.

Além de exercer a docência no ensino superior no ensino secundário, foi diretor regional adjunto da Direção Regional de Educação do Centro (DREC) e esteve, “desde a primeira hora”, na implementação dos centros de Área Educativa (CAE).

Nas eleições de 2017, o PS, liderado por Luís Correia, conquistou cinco mandatos, enquanto o PSD elegeu dois vereadores.

PSD/Leiria contesta escolha de candidato

Também em Leiria surgiu um problema semelhante, segundo o jornal Público. Mais de uma centena de militantes e simpatizantes da concelhia do PSD de Leiria discordam da escolha de Álvaro Madureira, atual vereador, para candidato à câmara.

Segundo uma carta, Álvaro Madureira foi o nome escolhido pela direção de Rui Rio para ser candidato à câmara de Leiria, apesar de não ter sido sequer votado pela distrital.

Os sociais-democratas consideram que a escolha do atual vereador para cabeça de lista “constitui um péssimo serviço ao PSD e a Leiria, quer porque tal pessoa não reúne as características mínimas para dignificar uma candidatura do PSD, quer porque o seu passado revela que não tem qualquer noção do que seja serviço público, quer, ainda, porque é o melhor serviço que se poderia prestar ao PS”.

“É impossível ficar indiferente perante esta lamentável escolha, que não serve os interesses do PSD e acima de tudo de Leiria e do seu concelho”, lê-se na carta.

“Uma candidatura social-democrata forte, prestigiada junto da comunidade e com um programa claro de desenvolvimento do concelho — que contrastasse com o ‘pão e circo’ socialista — suscitaria certamente a adesão de largos sectores da sociedade leiriense podendo, quiçá, almejar a vitória: difícil mas possível”, de acordo com a carta.

As eleições autárquicas deste ano ainda não têm data marcada, mas por lei realizam-se em setembro ou outubro.

ZAP // Lusa

 

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