A erupção vulcânica perto de Reykjavik se tornou a mais longa da história da Islândia desde 1960, marcando seis meses de expulsão de gás, pedra e lava no domingo (18).
Milhares de espectadores ficaram maravilhados com a vista deslumbrante oferecida pelo Monte Fagradalsfjall, a 40 km de Reykjavik, desde 19 de março, na que é a sexta erupção ocorrida na Islândia em 20 anos. O vulcão estava adormecido há 6.000 anos.
“Seis meses é uma erupção razoavelmente longa“, afirma à agência AFP o vulcanologista Thorvaldur Thordarson. Agora conhecida como Fagradalshraun (ou “belo vale de lava”), a erupção começou com um fluxo de uma fissura no solo e, até agora, expeliu quase 143 milhões de metros cúbicos de lava.
No entanto, este volume é considerado relativamente pequeno, sendo uma quantidade de lava 11 vezes menor do que a da erupção que ocorreu na Islândia entre 2014 e 2015 em Holuhraun, no centro-leste da ilha. Embora esta erupção tenha durado menos de seis meses, libertou o maior fluxo de lava em 230 anos na Islândia.
Mas a atual erupção do Fagradalsfjall “é especial, porque manteve um fluxo relativamente constante, e tem sido bastante forte”, considera Halldor Geirsson, geofísico do Instituto de Ciências da Terra.
“O comportamento habitual que conhecemos dos vulcões na Islândia é que começam muito ativos, a expelir lava em grandes quantidades, mas depois o fluxo diminui até parar”, explica o investigador.
A erupção de Surtsey, perto da costa sul da Islândia, durou quase quatro anos, de novembro de 1963 a junho de 1967.
Depois de a sua intensidade ter caído durante nove dias, a lava do Fagradalshraun reapareceu no início de setembro. Acompanhado por uma nuvem de fumaça causada pela liberação de gases, o líquido incandescente sai da cratera, acumulando-se sob o solo, criando túneis em chamas sob camadas de lava solidificada acima do solo.
A lava então desdobra-se como uma onda, que atinge a costa, maravilhando os curiosos. De acordo com o Conselho de Turismo da Islândia, cerca de 300.000 pessoas escalaram as colinas escarpadas com vista para os vales Geldingadalir, Meradalir e Natthagi, onde a lava é derramada.
No primeiro mês de erupção, um total de 10 fissuras abriram-se, formando sete pequenas crateras, mas apenas duas delas são ainda visíveis. As restantes foram cobertas por lava lançada da única cratera que ainda está ativa.
Essa cratera mede agora 334 metros, de acordo com o Instituto de Ciências da Terra, apenas algumas dezenas de metros mais curta que o pico mais alto da área circundante.
O vulcão não mostra sinais de querer enfraquecer tão cedo. “Parece haver magma suficiente, em algum reservatório, para permitir que a erupção que possa durar ainda muito tempo”, disse Geirsson.
E o turismo da Islândia agradece-lhe.
ZAP // AFP