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“Não és mais minha mãe.” A Era Trump dividiu famílias (e mudar de Presidente pode não ser a cura)

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Oliver Contreras / EPA

O Presidente dos EUA, Donald J. Trump

A eleição de Donald Trump como Presidente dos Estados Unidos foi o início da divisão de algumas famílias norte-americanas  e do fim de várias amizades. Mudar de Presidente pode não ser a cura.

Mayra Gomez foi democrata a vida toda. Há cinco meses, disse ao filho de 21 anos que ia votar em Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos e ele teve uma reação drástica: cortou relações com a mãe.

“Ele disse-me especificamente: ‘não és mais minha mãe, porque vais votar no Donald Trump'”, contou Mayra Gomez, de 41 anos, à Reuters. A última conversa entre mãe e filho foi tão amarga que Gomez não acredita numa reconciliação – mesmo se Joe Biden for eleito Presidente dos Estados Unidos.

Apesar de parecer insólito, Mayra Gomez não é a única norte-americana a crer que os rompimentos de relações entre familiares e amigos, por causa da Presidência tumultuosa de Trump, serão difíceis – senão impossíveis – de salvar, mesmo depois de abandonar o cargo.

A Reuters entrevistou 10 eleitores – cinco apoiantes de Donald Trump e cinco do candidato democrata Joe Biden – e poucos anteviam uma “cura” para as relações pessoais arruinadas pelo mandato de Trump.

Agora que surge atrás de Biden nas sondagens, muitos norte-americanos estão a começar a questionar se as fraturas causadas por um dos mandatos mais polarizadores da história dos Estados Unidos podem ser reparadas se Donald Trump perder a eleição.

Jaime Saal, psicoterapeuta do Centro de Medicina Comportamental Rochester de Rochester Hills, no Michigan, não acredita que tal seja possível. “Infelizmente, não acho que a cura nacional seja tão fácil quanto trocar de Presidente.”

A especialista explicou que as tensões nas relações pessoais aumentaram devido à dinâmica política, de saúde e social que os Estados Unidos enfrentam. Na maioria das vezes, a especialista recebe clientes que têm desavenças políticas com irmãos, pais ou parentes por afinidade, em vez de cônjuges.

Um relatório, datado de setembro, do Pew Research Center, descobriu que quase 80% dos apoiantes de Donald Trump e de Joe Biden disseram ter poucos amigos – ou mesmo nenhum – que apoiassem o outro candidato.

Um outro estudo, realizado pela Gallup, concluiu que o terceiro ano de Trump no cargo estabeleceu um novo recorde de polarização partidária. Enquanto 89% dos republicanos aprovaram o desempenho de Trump no cargo em 2019, apenas 7% dos democratas acharam que o Presidente estava a fazer um bom trabalho.

ZAP //

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