/

Enfermeiros já sabem o que vão fazer com o dinheiro que sobrou do crowdfunding

Miguel A. Lopes / Lusa

Sobraram mais de 200 mil euros do crowdfunding que financiou a greve dos enfermeiros. A decisão sobre o que fazer com o dinheiro resulta de um inquérito realizado a quem doou o dinheiro para financiar as respetivas greves, que marcaram o fim de 2018 e o começo de 2019.

A taxa de resposta ao inquérito ficou-se nos 19%, sendo que quase dois terços dos 4.862 votos optaram por não doar a quantia que sobrou em favor de ações sociais, escolhendo usá-la na contínua “luta dos enfermeiros”. Das duas campanhas de crowdfunding resultaram 780 mil euros e sobraram mais de 200 mil euros.

Em declarações à TSF, Nelson Cordeiro, um dos responsáveis pelo grupo que organizou o crowdfunding, explica que o inquérito aconteceu porque opiniões divergentes quanto ao que fazer com o dinheiro começaram a surgir nas redes sociais. Houve quem defendesse que a quantia deveria seguir a via da solidariedade e quem falasse em doar o dinheiro aos pais da pequena Matilde, a bebé diagnosticada com atrofia muscular espinhal.

Com a decisão de continuar a lutar, os fundadores do Grupo Greve Cirúrgica vão agora avançar com um estudo prévio para perceber a viabilidade de um processo em tribunal contra o Ministério da Saúde, para que se faça justiça, segundo defendem, nas carreiras da profissão. O trabalho será feito por um gabinete de advogados especializados em direito do trabalho.

Segundo o Grupo Greve Cirúrgica, só no final desse eventual processo judicial – e “se ainda houver dinheiro no fundo” -, essas verbas seguirão “o destino inicial, que era uma instituição de solidariedade social”, mas apenas se “as principais reivindicações já tiverem sido atendidas”.

Se Nelson Cordeiro fala numa decisão pacífica, tendo em conta os 63,4% dos votos, a presidente da Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE) refere a baixa taxa de resposta ao inquérito.

Lúcia Leite refere ainda que muitas das pessoas que contribuíram financeiramente para a causa dos enfermeiros ficam, assim, com as expetativas defraudadas, uma vez que desde o começo se falou que, sobrando dinheiro, este seria doado a uma instituição de solidariedade.

A primeira greve cirúrgica decorreu entre 22 de novembro e 31 de dezembro de 2018 e a segunda entre 31 de janeiro e 28 de fevereiro, acabando por ser interrompida depois de a Procuradoria-Geral da República ter considerado a primeira paralisação ilegal por não corresponder ao pré-aviso e porque o fundo usado para compensar a perda de salário não foi constituído nem gerido pelos sindicatos que decretaram a greve.

Na segunda greve, o Governo decretou uma requisição civil para quatro dos dez centros hospitalares abrangidos pela paralisação, alegando o não cumprimento dos serviços mínimos que tinham sido definidos com os sindicatos.

Entretanto, o Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor) marcou uma greve para começar a 2 de abril, mas foi sendo sucessivamente adiada na sequência das negociações com a tutela e que acabou cancelada.

ZAP //

Siga o ZAP no Whatsapp

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.