A empresa D-Orbit Portugal desenvolveu a tecnologia do satélite D-Sat, que vai ser lançado no final de junho na Índia, e que tem como ambição ser o primeiro capaz de se remover do espaço de forma eficaz e precisa.
Quando os russos lançaram o Sputnik 1, “o espaço era tão grande” que a remoção do satélite não era uma preocupação. Hoje, com a órbita repleta de satélites, “é uma preocupação”, face às colisões provocadas pela sobrelotação e falta de espaço para se lançarem mais corpos artificiais para as órbitas terrestres, afirmou Carina Amaro, da equipa da D-Orbit Portugal.
O D-Sat procura responder a esse mesmo problema, sendo um satélite com tecnologia de remoção do corpo novamente para a Terra com uma trajetória específica, ao invés do que acontece neste momento, em que os satélites ficam dezenas de anos em órbita já depois de terminada a sua operação e que acabam por entrar na atmosfera de forma descontrolada, com a possibilidade de caírem em zonas povoadas da Terra, elucidou.
A D-Orbit Portugal, subsidiária da italiana D-Orbit, desenvolveu todo o ‘software’ necessário para a missão do D-Sat, um pequeno satélite de 30 centímetros por 10 centímetros, que vai funcionar como um demonstrador da capacidade da tecnologia.
“É o primeiro lançamento da história, em que o satélite é lançado com o objetivo de ser removido”, sublinhou, referindo que, a determinado ponto, vai ser enviado um comando ao D-Sat, que “vai girar sobre ele próprio e entrar na atmosfera numa trajetória” escolhida pela equipa.
O lixo espacial “é um grande problema. Estamos a enviar cada vez mais equipamento lá para cima e já aconteceu algum equipamento colidir”, sintetizou Carina Amaro.
Com a tecnologia da D-Orbit, já não se terá “de esperar décadas para que o satélite caia”, para além de garantir uma descida com uma trajetória definida e não aleatória como atualmente acontece.
A tecnologia está patenteada e, depois da demonstração que vai ser realizada com o D-Sat, espera-se que os futuros satélites que sejam lançados possam ter o dispositivo desenvolvido pela empresa.
O dispositivo “é modular e escalável“, podendo ser aplicado quer num satélite de 50 quilos ou num de cinco toneladas, acrescentou.
A D-Orbit Portugal está sediada em Cascais e integrada na Incubadora da Agência Espacial Europeia em Portugal (ESA BIC), coordenada pelo Instituto Pedro Nunes (IPN).
Para a missão do D-Sat, a empresa instalou também alguns sensores no satélite que vão permitir recolher dados “de partes superiores da atmosfera”, de modo a melhorar a previsão dos modelos meteorológicos e a ajudar “a ter uma previsão mais alargada do tempo“, disse Carina Amaro.
O projeto, intitulado “Atmosphere Analyzer“, foi desenvolvido no âmbito da incubação na ESA BIC Portugal, onde são apoiadas ‘startups’ que transfiram tecnologia espacial para aplicações na Terra nas mais diversas áreas.
ZAP // Lusa