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Embaixador português em Moscovo chamado a Lisboa para consultas

Tiago Petinga / Lusa

Augusto Santos Silva

Ministro dos Negócios Estrangeiros confirmou que embaixador foi chamado para consultas. A decisão de Portugal foi a de não expulsar diplomatas russos, mas Santos Silva admite que a posição portuguesa pode mudar “como a de todos”.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, revelou esta terça-feira que o embaixador português em Moscovo foi chamado a Lisboa para consultas.

Em entrevista à RTP, o ministro rejeitou a ideia de que Portugal está fora do movimento de expulsão de diplomatas russos, e lembrou que o país apoiou as decisões tomadas neste âmbito pela União Europeia e pela NATO.

Contudo, numa entrevista feita pela SIC Notícias, Santos Silva frisou que “a expulsão de diplomatas russos é a reação mais dura que se pode tomar” e que Portugal tomou uma decisão que “não prejudica em nada a solidariedade para com o Reino Unido e a NATO”.

Considera, porém, que Portugal mantém a capacidade “essencial” de falar com “toda a gente do mundo, como uma nação global”.

O ministro explicou ainda à RTP que Portugal “usa a prudência” no plano bilateral de forma a defender os interesses nacionais, mas, questionado sobre que interesses são esses, Santos Silva limitou-se a afirmar que esse é um assunto em que o país é soberano, lembrando a “lógica de não confrontação que caracteriza a política externa portuguesa”.

À SIC Notícias, Augusto Santos Silva garantiu que os aliados sabem desta lógica, “sabem que temos uma atitude não confrontacional, que apostamos no diálogo diplomático e que não queremos começar pelos extremos, que é a reação mais dura. Eles sabem, acima de tudo, que esta atitude os ajuda. Respeitamo-nos a todos“, disse, citado pelo Expresso.

“Há países que entendem que uma das reações passa por expulsar dezenas de diplomatas; outros que pensam que passa por expulsar um ou dois; outros que pensam que passa por chamar para consulta o embaixador. Portugal respeita todas estas formas, tal como os outros países respeitam a nossa decisão de agir com cautela e prudência”, afirmou.

Em relação à escolha que Portugal terá de fazer caso decida expulsar diplomatas, o governante referiu, em abstrato, que um dos critérios passa por identificar nas pessoas acreditadas como diplomatas as que estão mais ligadas aos serviços de informação do que à diplomacia – frisando, no entanto, que o processo está em Segredo de Justiça.

Questionado sobre a existência de espiões russos em Portugal, o ministro recusou-se a responder.

Quanto à decisão de não expulsar diplomatas, Santos Silva admite que pode haver a possibilidade de Portugal mudar de ideias.

“É um elemento dinâmico que temos de ir acompanhando. Revejo-me inteiramente na posição da NATO e teremos uma reunião de concertação para vermos como é que isto evolui. Esperemos que haja razoabilidade do lado da Federação russa, porque é desse lado que as explicações têm de vir”, explicou.

Chamada de embaixador português é “um aviso”

Marcelo Rebelo de Sousa considerou, esta quarta-feira, que a chamada do embaixador português na capital russa para consultas a Lisboa constitui “um aviso” e “uma decisão forte por parte do Estado português”.

É uma forma muito clara de sinal ou, se quiser, de aviso“, afirmou o Presidente da República, em declarações transmitidas pela RTP. “É uma decisão forte por parte do Estado português”, acrescentou.

“A chamada do embaixador de Portugal em Moscovo para consultas a Lisboa, como se sabe, significa que durante um período, mais ou menos curto, mais ou menos longo, a presença do mais alto representante diplomático português num país deixa de existir“, explicou.

O chefe de Estado falava à entrada para a estreia de uma peça no Teatro Municipal Mirita Casimiro, em Cascais, onde comentou esta decisão anunciada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, em entrevista no Telejornal da RTP.

ZAP // Lusa

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