A Assembleia-Geral da ONU aprovou esta quarta-feira, pela 25ª vez, uma resolução que apela ao levantamento do embargo dos Estados Unidos contra Cuba, com a novidade de ter contado com a abstenção da representante de Washington.
A resolução, que é anualmente apresentada por Cuba, foi aprovada por 191 dos 193 países-membros das Nações Unidas, com as abstenções dos Estados Unidos e de Israel.
A abstenção de Washington, anunciada pela embaixadora dos EUA na ONU Samantha Power, segue os apelos do Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para que o Congresso norte-americano, dominado pelos conservadores do Partido Republicano, aprove o levantamento do embargo, na sequência da normalização de relações entre os dois países, que restabeleceram relações diplomáticas em julho de 2015.
Em março deste ano, Barack Obama fez uma visita oficial a Cuba.
A resolução pelo fim do embargo económico e comercial imposto pelos Estados Unidos a Cuba apresentada este ano na Assembleia-geral da ONU reconhece os passos dados pela administração Obama para aliviar o embargo, descrevendo-os como positivos, “mas ainda de alcance limitado”.
Foram 191 votos a favor da resolução, duas abstenções e nenhum contra.
Apesar da aproximação, o bloqueio persiste
A embaixadora dos EUA foi bastante aplaudida ao declarar que os Estados Unidos sempre foram contra a resolução, mas desta vez, o país decidiu se abster da votação pela primeira vez em 25 anos.
Samantha Power lembrou que há dois anos, o presidente Barack Obama afirmou ser contra o bloqueio e pediu para o Congresso retirar o embargo.
Mas o país rejeita o texto da resolução da Assembleia-Geral, que segundo a embaixadora, sugere que as ações do seu país contra Cuba vão contra a Carta da ONU e leis internacionais.
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Cuba, Bruno Rodríguez Parrilla, participou da votação e reconheceu que nos últimos dois anos houve avanços no diálogo e na cooperação entre os dois países.
O ministro ressaltou, no entanto, que o bloqueio económico, comercial e financeiro persiste, provocando danos ao povo cubano e criando obstáculos ao desenvolvimento económico do país.
Segundo Rodríguez Parrilla, o embargo tem um caráter extraterritorial, afetando diretamente outros Estados-membros das Nações Unidas. O ministro cubano lembrou que o próprio presidente americano e outros alto funcionários chegaram a classificar o bloqueio de “obsoleto”.
ZAP / Lusa / R-ONU
Reconciliação Cuba-EUA
-
28 Novembro, 2016 Trump ameaça liquidar acordo com Cuba
-
27 Outubro, 2016 Em decisão histórica, EUA abstêm-se em votação na ONU contra embargo a Cuba
-
14 Setembro, 2016 Obama renova embargo económico a Cuba
-
13 Agosto, 2016 Trump não quer pagar a Cuba danos do embargo americano