A agência de rating DBRS prevê que das próximas eleições, marcadas para 30 de janeiro, não sairá um vencedor claro. Ainda assim, o controlo das contas públicas não é uma preocupação.
Em declarações ao jornal online Observador, a DBRS Morningstar referiu que as próximas eleições legislativas devem resultar num “Parlamento fragmentado”, “sem um vencedor claro“.
Esta agência de rating nunca colocou a dívida de Portugal em lixo, sendo decisiva para o país nos piores momentos da crise da dívida. Agora, acreditar que o próximo Governo irá manter o controlo do défice, ainda que deixe o alerta de que qualquer atraso na chegada dos fundos do PRR pode ser “disruptiva”.
Na ótica de Jason Graffam, vice-presidente da DBRS Morningstar na área de notações financeiras de dívida soberana, o cenário de fragmentação política “não se traduz necessariamente em resultados fracos ao nível da execução das políticas”.
“O Governo atual, apesar de sempre ter sido minoritário, tem sido estável e capaz de aprovar legislação”, justifica, acrescentando que, por esse motivo, não tem razões para esperar um cenário diferente.
“A DBRS Morningstar antecipa uma continuidade em torno das principais políticas macroeconómicas, independentemente de quem vier a formar o próximo Governo”, referiu Graffam.
“Não temos qualquer evidência de que a ausência de um Orçamento aprovado ou que a marcação de eleições antecipadas vão ter qualquer impacto discernível nas políticas macroeconómicas”, sublinha ainda, em declarações ao Observador.
O processo é, contudo, acompanhador de perto pela agência. João Leão, ministro das Finanças, adiantou que o chumbo do OE2022 pode ter levado algumas agências a adiar subidas de rating, mas não será o caso da DBRS.
“Embora a aprovação do Orçamento anual seja algo importante, a incapacidade de fazer isso não tem implicações diretas para a notação de crédito de Portugal”, garante.
Depois de, no final de agosto, a DBRS Morningstar ter revalidado a notação BBB high (três níveis acima da fasquia que separa a dívida de “alto risco” dos “investimentos de qualidade”), com uma perspetiva “estável”, a agência não tem mais revisões do rating de Portugal agendadas para este ano.