Depois de México e Canadá, Donald Trump também abriu a porta a uma guerra de tarifas com a União Europeia (UE). A indústria portuguesa deverá sofrer. Por seu turno, o preço dos produtos “made in China” vai baixar.
Donald Trump tomou posse e logo fez despoletar uma guerra comercial com o México e o Canadá.
O novo presidente dos EUA confirmou a intenção de impor tarifas de 25% sobre os produtos vindos desses países, a partir de 1 de fevereiro.
Mas, além de México e Canadá, Trump continuará a fomentar a intriga comercial entre EUA e China e alargá-la à UE, que acusou de ser “abusadora”.
“A União Europeia é muito, muito má para nós. Não aceitam os nossos automóveis nem os nossos produtos agrícolas. De facto, não aceitam muita coisa. Por isso, vão ter de pagar taxas. É a única maneira de conseguirmos que haja justiça”, ameaçou Trump, em declarações aos jornalistas, esta terça-feira à noite.
Este “ultimato” acontece porque Trump diz que há “défice comercial” entre EUA e UE. O presidente norte-americano exige, por isso, que a Europa importe mais produtos energéticos dos EUA. Caso contrário, serão aplicados castigos.
Tal cenário terá, naturalmente, impacto na economia portuguesa, afetando empresas e trabalhadores.
Em declarações à Antena 1, o economista Filipe Grilo explicou que, no caso de Portugal, o efeito Trump efeito poder-se-á fazer sentir com mais expressão, precisamente, no setor automóvel.
“Apesar de nós não exportarmos diretamente para os Estados Unidos, nós exportamos, indiretamente, ‘via Europa’. Portanto, se estas exportações reduzem, o que vai acontecer é que as nossas indústrias podem ter dificuldades; e vai obrigar a cortar empregos e, talvez, encerrar fábricas“, apontou o especialista.
Quanto à China, Donald Trump quer impor uma taxa adicional de 10%.
Filipe Grilo disse que este cenário vai obrigar a superpotência asiática a intensificar as exportações para a UE – e, aí, Portugal pode sair a ganhar.
“Com a China a ter dificuldade em exportar para os Estados Unidos, vai fazer um esforço adicional para exportar para a Europa. Isso significa que vai haver mais produtos chineses – provavelmente, isto vai puxar pelos preços para baixo“, explicou o professor da Porto Business School.
“Vai haver uma concorrência de produtos chineses na Europa; e as empresas europeias vão ter mais dificuldades em combater este excesso de produtos”, acrescentou.
Trump devia dar um longo passeio pela Europa, para ver a quantidade de Fords e Teslas que andam por cá. E devia pensar nas exportações em crescendo de GNL para cá.