“É muito difícil governar”. Marcelo espera que a utilização dos dinheiros do PRR esteja controlada

Paulo Novais/Lusa

Marcelo Rebelo de Sousa admitiu que, atualmente, “é muito difícil governar” com a guerra na Ucrânia. Os governos têm de se dividir entre a gestão interna e a externa.

Quando questionado pelos jornalistas sobre a demissão do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, o Presidente da República afirmou que não se pronuncia “sobre a vida interna de um país” que, ainda por cima, é o mais antigo aliado de Portugal.

No entanto, acredita que “o haver a guerra e o haver a agitação própria da guerra, ao mudar as condições de vida das pessoas” e “ao obrigar os governantes a estarem divididos permanentemente entre a gestão interna e a gestão externa, cria problemas adicionais em todas as partes do mundo”.

Boris Johnson demitiu-se da liderança do Partido Conservador, mas manter-se-á na chefia do Governo até à eleição de um novo líder dos conservadores, apesar das vozes de dentro e fora do partido apelarem que deixe já o executivo.

A demissão do líder conservador, de 58 anos, que assumiu o cargo de primeiro-ministro do Reino Unido em julho de 2019, ocorreu após a saída de dezenas de membros do seu executivo e de uma sucessão de escândalos.

“É muito difícil governar quando o mundo, neste momento, está muito diferente do que estava há seis meses. A guerra introduziu essa diferença”. A situação económica e financeira e, consequentemente, a social, está “muito diferente”, acrescentou.

Segundo o Presidente da República, “isso obriga a uma concentração dos governos em duas frentes: a frente lá fora, para ver se é possível chegar à paz o mais rapidamente possível e com a União Europeia unida” e “dentro dos países, para acorrer aos fogos que vão surgindo um pouco de vários sítios”.

“As guerras trazem turbulência. Esta ideia de que a guerra é dos outros, não é. Se fosse dos outros o combustível não estava tão caro cá dentro”, realçou.

Marcelo voltou a mostrar a sua preocupação com o que se passa nos aeroportos portugueses, mas admite aos jornalistas que a situação é “muito complicada” por toda a Europa e todo o mundo. “É um caso internacional, não conseguem fazer o reajustamento rápido”.

“E como estamos no período de ‘boom’ do turismo, de repente foi passar de um nível muito baixo, para um nível muito alto, e isso implica uma capacidade de resposta que não está a haver”, sublinha o chefe de Estado.

No seu entender, “são as companhias aéreas que têm que se reajustar, são as gestoras de aeroportos que têm que se reajustar”.

Marcelo espera “que haja controlo” no PRR

O Presidente espera “que haja controlo” na utilização dos dinheiros do PRR, sendo que é importante “para se cumprir aquilo que são as regras de jogo”, até porque “há imensas entidades” incumbidas de o fazerem.

“Com tanta entidade a controlar, espero que haja controlo“, frisou Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações aos jornalistas no final de uma visita à fábrica da Stellantis, em Mangualde.

“Eu insisti, desde antes do início, que era muito importante esse acompanhamento, até para garantir uma utilização em termos de cumprimento de prazos e de taxa de utilização significativa”, lembrou o Presidente da República.

Esse acompanhamento também é importante “para se cumprir aquilo que são as regras de jogo, em termos jurídicos e em termos de opções, de escolhas políticas”, acrescentou o chefe de Estado.

Questionado sobre a proposta de revisão do Regimento da Assembleia da República, Marcelo Rebelo de Sousa disse que “tudo o que seja avançar é bom”.

“Mas eu não gostava de discutir o que é a vida interna da Assembleia da República. Se a Assembleia da República se inclina para melhorar o processo de debate e de controlo, muito bem, acho que todos os portugueses ficam felizes. Como é que ela o faz? Com o acordo e o consenso de quantos parlamentares e partidos, aí cabe-lhe a ela a palavra decisiva”, concluiu.

Alice Carqueja, ZAP //

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