Ursula von der Leyen exortou, esta quarta-feira, um reforço na Defesa europeia. A presidente da Comissão Europeia alertou os membros da União Europeia (UE) para a possibilidade de uma guerra direta com a Rússia.
A presidente da Comissão Europeia lançou, na manhã desta quarta-feira, fez um apelo de urgência, no início de um debate sobre de Defesa no Parlamento Europeu, em Estrasburgo (França).
Ursula von der Leyen pediu “decisões audazes e coragem política” para construir uma União Europeia (UE) de defesa, considerando que nos últimos dois anos a “ilusão de que a paz é permanente” desapareceu.
“Nos últimos anos, as ilusões de muitos europeus estilhaçaram-se. A ilusão de que a paz é permanente. A ilusão de que a prosperidade económica pode interessar mais a Putin do que a destruir uma Ucrânia democrática e livre. A ilusão de que a Europa por si só está a fazer o suficiente em matéria de segurança”, disse.
Perante os eurodeputados, von der Leyen disse que a União Europeia (UE) está a olhar para uma “liga de autoritários” – Rússia, Coreia do Norte e Irão – que têm como ambição perturbar os países democráticos.
“Precisamos de começar a olhar para o futuro da arquitetura de segurança europeia. Em todas as suas dimensões e com toda a celeridade e vontade política que é requerida”, acrescentou a presidente do executivo comunitário.
E deixou um pedido a todos os países da UE apostem na Defesa: “A Europa tem de gastar mais, gastar melhor, gastar europeu”.
Ursula von der Leyen anunciou que durante a próxima semana a Comissão vai apresentar um conjunto de propostas para a primeira estratégia industrial de defesa europeia.
“Dar este passo em conjunto em matéria de defesa não vai ser fácil, vai requerer decisões audazes e coragem política. E vai requerer, acima de tudo, uma mentalidade europeia de defesas, das instituições à indústria e investidores”, completou.
Num sinal de aproximação com os 27 da UE, Von der Leyen anunciou a criação de um gabinete de Inovação de Defesa em Kiev. A Europa promete duplicar o fabrico de munições: 2 milhões de balas por ano, até 2025.
Kiev elogia qualquer iniciativa
Esta terça-feira, o principal conselheiro da Presidência ucraniana, Mikhailo Podolyak, tinha elogiado qualquer proposta para “aumentar, expandir ou alterar” a forma como a Ucrânia é ajudada, depois de o Presidente francês, Emmanuel Macron, ter admitido o envio de tropas.
“Os líderes de vários países europeus sugerem alargar o âmbito do debate, introduzindo novas variáveis e delineando o que pode ser feito. E isso é excelente. A Ucrânia precisa de todas as soluções possíveis para aumentar as suas capacidades militares ‘aqui e agora'”, disse Podolyak.
Na segunda-feira, o presidente francês afirmou que não pode ser descartada a possibilidade de envio de tropas para a Ucrânia, um passo extremo que a NATO sublinhou em diversas ocasiões nem sequer ser discutido como uma hipótese.
Em resposta, vários países da NATO, incluindo Portugal, voltaram a descartar esta possibilidade e atribuíram as palavras de Macron ao seu desejo de ajudar a Ucrânia, concordando, por outro lado, na necessidade de continuar a enviar armas e munições.
A NATO já descartou a possibilidade do envolvimento de militares da Aliança e a UE disse que essa é uma decisão que cabe a cada estado-membro, enquanto vários países aliados de Kiev, como Reino Unido, Suécia, Espanha, Portugal e Itália, também rejeitaram a iniciativa levantada por Macron.
ZAP // Lusa