Emmanuel Macron exortou os líderes internacionais a prepararem-se “para que Rússia ataque”. O Presidente francês não exclui o envio de tropas para a Ucrânia, e lança uma “economia de guerra” contra Moscovo.
Dois dias depois de se terem assinalado os dois anos da invasão russa do território ucraniano e numa altura em que a Ucrânia corre risco de ficar sem liquidez no final de março, o Presidente francês, Emmanuel Macron, convocou uma reunião de alto nível para analisar os meios disponíveis para reforçar a cooperação entre os parceiros no apoio à Ucrânia, esta segunda-feira.
Macron alertou que os líderes internacionais, incluindo da União Europeia (UE), devem preparar-se “para que a Rússia ataque”, devendo por isso “fazer mais” para apoiar a Ucrânia, de forma a que ganhe a guerra.
Falando numa reunião de alto nível que o próprio convocou em Paris, e na qual Portugal esteve representado pelo primeiro-ministro, António Costa, o chefe de Estado francês salientou que “a conclusão coletiva é que, basicamente, a segurança de todos está agora em jogo”.
Neste encontro em que participam 21 chefes de Governo ou de Estado e seis outros ministros, para apoio contínuo à Ucrânia quando se assinalam dois anos da invasão russa, Emmanuel Macron defendeu que este debate visa “um quadro de continuidade”.
“Em primeiro lugar, a Rússia não pode nem deve ganhar esta guerra na Ucrânia a bem da própria Ucrânia. Em segundo lugar, devemos garantir a nossa segurança coletiva, por isso, […] ainda mais claramente do que ontem, dados os ataques que estamos a sofrer, é também da nossa segurança que estamos a falar e, em terceiro lugar, todos concordamos que não desejamos entrar em guerra com o povo russo e que estamos determinados a manter a escalada sob controlo, como temos feito com sucesso desde o início do conflito”, elencou o responsável.
Cedência de tropas é possibilidade
Macron frisou que o envio de tropas ocidentais para a Ucrânia não deve “ser descartado” no futuro. O governante francês referiu que foi decidido, na reunião, avançar com “uma economia de guerra” e “criar uma coligação para ataques profundos e, portanto, mísseis e bombas de médio e longo alcance”.
“Não há consenso hoje para enviar tropas terrestres de forma oficial, assumida e endossada. Mas dinamicamente, nada deve ser excluído. Faremos tudo o que for necessário para garantir que a Rússia não possa não vencer esta guerra”, explicou o Presidente francês, citando uma “ambiguidade estratégica” que aceita.
Macron aludiu a “cinco categorias de ação” nas quais as autoridades europeias concordaram em investir recursos: “a ciberdefesa, a coprodução de armas e munições na Ucrânia, a defesa dos países diretamente ameaçados pela Rússia, em particular, a Moldova, e a capacidade de apoiar a Ucrânia na sua fronteira com a Bielorrússia e em operações de desminagem”.
Aliados dos ucranianos devem “fazer mais”
O governante apontou que os aliados de Kiev devem “fazer mais”, no que diz respeito ao envio de recursos militares para a Ucrânia.
“Existem várias opções em cima da mesa, como a emissão conjunta de dívida” para a Ucrânia, explicou.
Considerado a “prioridade das prioridades” as munições, Macron garantiu que os aliados estão “determinados a chegar ao fim das reservas disponíveis”.
“De acordo com a nossa análise (…). A Rússia continua a guerra e a sua conquista territorial, contra a Ucrânia, mas contra todos nós em geral (…). Estamos convencidos de que a derrota da Rússia é essencial para a segurança e a estabilidade em Europa”, sublinhou.
Zelenskyy agradece apoio dos “amigos”
Numa mensagem transmitida em vídeo na ocasião, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, agradeceu a estes líderes internacionais “por todo o apoio”.
“Nós, na Ucrânia, valorizamos muito o facto de termos amigos assim. Obrigado a todos os líderes e a todos os Estados que nos têm ajudado durante dois anos desta terrível guerra em grande escala […] e juntos temos de garantir que Putin [Presidente russo] não destrói as nossas conquistas e não expande a sua agressão a outras nações”, concluiu Volodymyr Zelensky.
ZAP // Lusa
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O título “Aliados ucranianos devem “fazer mais”” é enganador. Deveria ser “Aliados dos ucranianos devem “fazer mais””, que além de gramaticalmente corrector tem o condão de ser uma frase verdadeira.
Caro leitor,
Obrigado pelo reparo, está corrigido.