Mais de dois terços das greves não conseguem resultados

Mário Cruz / Lusa

Trabalhadores da Caixa Geral de Depósitos (CGD) em greve

A maior parte das reivindicações que estão na base das greves em Portugal é recusada, o que mostra que os resultados imediatos são reduzidos, apesar do peso político da contestação social, que ajuda a desgastar os governos.

Segundo avançou esta quinta-feira o Jornal de Notícias, na última década, 72% das reivindicações foram rejeitadas, 24% parcialmente aceites e 4% acolhidas na totalidade. As greves são sobretudo no setor dos transportes e armazenagem, nas indústrias transformadoras e nas atividades de saúde e apoio social.

Em 2021, segundo o Gabinete de Estratégia e Planeamento, do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, foram recusados 65,7% do total de cadernos reivindicativos, que totalizaram 157, batendo as 147 de 2019.

Face ao ano anterior as greves cresceram 52%. Em 2020, assistiu-se à sua redução (menos 30%) e também do número de trabalhadores que aderiram (menos 37%).

Em 2011, o social-democrata Pedro Passos Coelho juntou-se ao CDS de Paulo Portas e venceu as eleições para primeiro-ministro. No ano seguinte, atingiu-se o maior número de trabalhadores em greve (entre aquele ano e 2021), com mais de 92 mil. Foram 127 greves e a taxa de rejeição chegou aos 86,7%.

Nos dois últimos anos do Governo de Direita, a contestação diminuiu, fruto de alguma melhoria. E as reivindicações parcialmente aceites aproximaram-se dos 50%.

Em novembro de 2015, António Costa chegou a primeiro-ministro, graças aos acordos com PCP, Verdes e BE. No início da geringonça, o total de trabalhadores em greve baixou. Mas o protesto disparou nos últimos dois anos do primeiro Executivo de Costa, marcados pelo distanciamento face aos parceiros.

O secretário-geral da CGTP até 2020, Arménio Carlos, disse ao Jornal de Notícias que “as greves, manifestações e concentrações contribuíram de forma decisiva para o esvaziamento eleitoral e social do PSD e do PS”. E defendeu que evitaram uma maioria absoluta e forçaram um entendimento à Esquerda.

A seu ver, “as greves fazem sentido, hoje mais do que nunca” e “não podem ser vistas apenas pelos resultados imediatos”. Quanto ao Governo de Passos Coelho, “contribuíram para o desgaste político, eleitoral e social ao longo de quatro anos”, com destaque para três greves gerais.

Sobre um novo aumento no fim da geringonça, explicou que “a partir de 2017, não havia evolução face às reivindicações”.

Os trabalhadores da empresa Tratolixo, responsável pelo tratamento de lixo nos municípios de Sintra, Oeiras, Cascais e Mafra, vão realizar uma greve de 48 horas, na sexta-feira e no sábado, para reivindicar melhorias salariais.

O Sindicato de Todos os Professores (STOP) divulgou um pré-aviso de greves a 09, 12, 13, 14, 15 e 16 deste mês, contra as propostas de alteração aos concursos e também para exigirem respostas a problemas atuais, como a contabilização do tempo de serviço e a possibilidade de se reformarem após 36 anos sem penalização.

ZAP //

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