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Dois mortos, casas sem luz e estradas cortadas. “Elsa” vai deixando rasto de destruição

Octávio Passos / Lusa

A depressão Elsa continua a deixar um rasto de destruição um pouco por todo o país. Esta quinta-feira, há mais relatos de caos, com o registo de duas vítimas mortais.

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera emitiu para hoje um aviso vermelho para nove distritos devido à previsão de chuva forte e rajadas de vento superiores a 100 quilómetros por hora.

A queda de uma árvore no Montijo, Setúbal, matou o condutor de um veículo pesado, revelou a Proteção Civil.

“Temos o registo de vítima mortal em Canha, concelho do Montijo, devido à queda de uma árvore sobre um veículo pesado de mercadorias, às 15h55 de hoje”, disse à Lusa o comandante Rui Laranjeira, da ANEPC.

Em Castro Daire, uma casa desabou, provocando a morte de um homem que estava no interior do edifício. O distrito de Viseu está sob alerta vermelho a partir das 18h desta quinta-feira, sendo esperadas rajadas que podem atingir os 140 km/h.

O rio Tâmega já galgou as duas margens em Chaves e a previsão é que continue a subir, inundando zonas comerciais e habitações ao final da tarde e durante a madrugada, adiantou à Lusa fonte da Proteção Civil. Mondego, Águeda, Douro e Lima estão igualmente em perigo de transbordar.

“Nesta altura o rio já galgou as duas margens e a previsão é que vai continuar a subir e atingir zonas comerciais e habitações no centro da cidade nas próximas horas”, explicou Sílvio Sevivas, da Proteção Civil de Chaves, no distrito de Vila Real.

O caudal do rio Tâmega começou a passar a margem ao final da manhã e, segundo o responsável, este continua “a subir a um ritmo alto” e sem previsão de inversão. “Prevê-se que a situação agrave ao final da tarde e durante a madrugada“, alertou.

Sílvio Sevivas explicou ainda que já foram feitos avisos à população, através dos canais de comunicação da autarquia flaviense, e que os bombeiros estão no local a prestar informações a comerciantes e moradores.

Milhares de habitações sem luz

O fornecimento regular de energia elétrica foi interrompido hoje “em milhares de lares” devido ao mau tempo, sendo Viana do Castelo, Braga, Porto e Vila Real os distritos mais afetados, anunciou a EDP Distribuição.

Contactada pela agência Lusa, fonte da empresa disse não ser possível contabilizar o número concreto de habitações afetadas por esta falha energética por se tratar de uma “situação evolutiva”.

As situações de interrupção de energia têm sido regularizadas, estando no terreno mais de 400 operacionais e 150 viaturas, refere a EDP, em comunicado.

Devido à depressão Elsa, que tem causado estragos por todo o país, a EDP Distribuição reforçou as equipas operacionais em todo o território, declarando “estado perturbado” na zona norte e interior do país.

“Ao ativar estes estados em situações de crise, a empresa garante o reforço das equipas operacionais, de forma a que estejam prontamente aptas a atuar na reposição do fornecimento de energia elétrica. Esta mobilização acontece em todo o território, prevendo-se a deslocação de equipas, de forma a garantir uma maior concentração de recursos nas zonas onde se verifica maior impacto”, sublinha.

Na nota, a empresa adianta que os municípios mais afetados são, até às 13:00, Amarante, Braga, Guimarães, Esposende e Barcelos.

Dezenas de desalojados

Segundo relatos do Jornal de Notícias, há pelo menos 16 desalojados, centenas de árvores caídas nas ruas e várias casas sem telhado. O mau tempo em Almada e Santo Tirso fez com que árvores tombassem e danificassem consideravelmente algumas habitações.

“Em Almada resultaram nove desalojados que foram, entretanto, realojados pelos serviços de ação social da Câmara de Almada, e em Santo Tirso sete pessoas foram deslocadas e estão em casa de familiares acompanhados pelos serviços municipais”, disse à Lusa o comandante da proteção civil, Rui Laranjeira.

As inundações também entupiram algumas ruas em Braga, causando trânsito e levando ao fecho de algumas estradas. Desde grandes filas de automóveis a pessoas desesperadas a tentar escoar as casas com baldes, o cenário é caótico no distrito bracarense.

Mais a sul, as ligações fluviais entre a Península de Setúbal e Lisboa estão hoje à tarde suspensas devido ao “agravamento das condições atmosféricas”, anunciou a Transtejo/Soflusa.

“Face ao agravamento das condições atmosféricas, neste momento, por motivos de segurança, estão suspensas todas as ligações fluviais da Transtejo e Soflusa, com exceção de Cacilhas”, adiantou fonte da empresa à agência Lusa.

Segundo a Transtejo/Soflusa, o transporte fluvial apenas será retomado quando “se verificar uma melhoria das condições atmosféricas que permitam retomar a operação em segurança”.

“De momento, não é possível prever a retoma do serviço”, lê-se ainda na página da internet da empresa. A Transtejo assegura as ligações fluviais entre o Seixal, Montijo, Cacilhas e Trafaria/Porto Brandão a Lisboa, enquanto a Soflusa garante a travessia entre o Barreiro e o Terreiro do Paço (Lisboa).

Governo pronto a intervir

O Ministério da Agricultura garantiu hoje estar a acompanhar a evolução da depressão “Elsa”, sublinhando que os técnicos das Direções Regionais de Agricultura e Pescas (DRAP) estão “prontos a intervir” no levantamento dos prejuízos.

“O Ministério da Agricultura está a acompanhar a evolução da depressão “Elsa” e os efeitos da mesma no território nacional”, assegurou, em comunicado, o Governo.

De acordo com o ministério liderado por Maria do Céu Albuquerque, os técnicos das DRAP “estão prontos a intervir” no levantamento dos prejuízos e na avaliação da situação, para garantir “a ativação dos mecanismos de apoio aos agricultores”, caso seja necessário.

Cerca de 1.800 ocorrências foram registadas em Portugal continental entre quarta-feira e as 12:00 de hoje devido ao mau tempo, sendo os distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro e Viseu os mais afetados, segundo a Proteção Civil.

ZAP // Lusa

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