Uma fotografia recém-descoberta que supostamente retrata o antigo presidente dos Estados Unidos Abraham Lincoln no seu leito de morte convenceu alguns historiadores – mas nem todos.
De acordo com a ABC News, a imagem foi capturada após o tiroteio que matou Abraham Lincoln. Alguns especialistas estão totalmente convencidos, outros estão muito mais céticos.
Para Whitny Braun, investigadora da Califórnia cujos esforços para autenticar a imagem são narrados no novo documentário do Discovery, tem 99% de certezas de que é real. “No mundo da autenticação, é como encontrar o Santo Graal”, disse.
No entanto, segundo o The New York Post, alguns céticos descreveram o entusiasmo com este aparente artefacto como histeria. Os especialistas estranham o facto de a imagem só ter aparecido agora – 155 anos após a morte do 16º presidente dos Estados Unidos.
“Já vi o suficiente dessas coisas para saber que isto é muita histeria sobre algo que não é Lincoln”, disse Harold Holzer, autor de “The Lincoln Image: Abraham Lincoln and the Popular Print”. “Nem todos os homens com barba fotografados depois de 1861 foi Abraham Lincoln.”
Holzer é o autor de um livro de 1984 que rastreou todas as 130 fotografias conhecidas de Lincoln.
Com um trabalho rigoroso no seu currículo, Holzer afirma já ter encontrado algumas irregularidades históricas nesta última imagem. Uma delas é o facto de o homem na fotografia vestir uma camisa. Segundo Holzer, as roupas de Lincoln foram arrancadas dele numa corrida frenética para descobrir os seus ferimentos logo após o tiroteio. Além disso, há a qualidade da imagem em si – tirada com um ambrótipo desatualizado, mas excecionalmente bem iluminada.
Porém, a história de como a fotografia caiu nas mãos de Braun pode deixar os mais céticos convencidos da sua autenticidade. A investigadora passou dois anos a analisar a fotografia com o produtor do documentário, Archie Gips, e dizem que as evidências circunstanciais são demasiado esmagadoras para serem descartadas.
No início, Braun estava tão cética como Holzer quando recebeu um telefonema de um dentista de Illinois chamado Jerald Spolar. Embora o rosto na fotografia se assemelhasse ao de Lincoln, Braun não conseguia acreditar que um dentista aleatório possuía uma fotografia histórica do presidente no seu leito de morte.
Segundo a história, o fotógrafo profissional Henry Ulke capturou a imagem. Ulke morava do outro lado da rua do Teatro Ford – a pensão para onde Lincoln foi trazido depois de ser baleado. Antes de o presidente morrer na manhã seguinte, Ulke secretamente tirou a fotografia.
A fotografia era um ambrótipo, criado usando um negativo de vidro num fundo escuro. Como o método saiu de moda em meados da década de 1860, os céticos estão inflexíveis: nenhuma outra investigação precisa de ser feita sobre a veracidade da fotografia – ou a falta dela.
Quanto ao desaparecimento da fotografia de 155 anos, foi supostamente mantida em segredo quando o secretário da guerra de Lincoln, Edwin Stanton, exigiu que quaisquer imagens do presidente morto permanecessem privadas. Holzer explicou que existe apenas uma imagem conhecida de Lincoln morto, tirada quando estava deitado no estado de Nova Iorque.
No entanto, a imagem foi dada aos descendentes de Nancy Hanks – a mãe de Lincoln e um primo distante do ator Tom Hanks. Na década de 1980, estava nas mãos de Margaret Hanks, uma prima em segundo grau.
Antes de morrer em 1986, Hanks vendeu uma coleção de artefactos, incluindo a fotografia de Lincoln, a um leiloeiro e aficionado da Guerra Civil chamado Larry Davis. O post-it que adornava o artefacto histórico dizia: “Primo Abe”.
Davis alegou que a sua ex-mulher roubou a fotografia e vendeu-a a Spolar. O dentista contesta veementemente ter comprado um bem roubado e, desde então, tenta autenticar a fotografia.
Com a ajuda de Braun, estudiosos de Lincoln, médicos, especialistas em reconhecimento facial e balística decidiram ajudar.
A contribuição coletiva convenceu Braun a seguir em frente. Pequenos detalhes, como a ligeira cicatriz sob o lábio do homem, por exemplo, são consistentes com o que se sabe sobre Lincoln. Além disso, o olho direito do homem parece estar saliente, o que seria consistente com um ferimento por arma de fogo na cabeça.
Abraham Lincoln foi presidente dos EUA entre 1861 e 1865, e ficou conhecido pela sua luta para abolir a escravatura. Foi assassinado por John Wilkes Booth quando estava a assistir a uma peça de teatro no Ford’s Theatre, com a sua esposa Mary.