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“Um disparate”. Presidente nega envolvimento na vinda de Juan Carlos para Cascais

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Eduardo Costa / Lusa

O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa

O Presidente da República afirmou que “qualquer pessoa minimamente inteligente e sensata” perceberia que o chefe de Estado não se poderia envolver na questão do rei emérito de Espanha, classificando essa ideia como um “disparate”.

Em declarações aos jornalistas à margem de uma visita à cidade de Silves, no distrito de Faro, Marcelo Rebelo de Sousa justificou esta posição com os problemas que poderia criar, quer “com o rei Felipe VI” quer com a “soberania constitucional do Estado espanhol e nas relações fraternais entes os dois países e os dois povos”.

“Portanto, não é preciso ser muito inteligente para perceber que a última pessoa de Portugal que poderia intervir nessa matéria seria o Presidente da República”, afirmou o chefe de Estado, em reação a um texto do jornal espanhol El Mundo que o ligava a uma eventual mudança de Juan Carlos para Cascais.

Marcelo Rebelo de Sousa reafirmou que desconhece uma eventual deslocação do antigo rei espanhol para Portugal e afirmou nada saber, para além do que vê “na comunicação social”.

Na notícia publicada este sábado, o jornal espanhol adiantou que o rei emérito iria contar com a ajuda de três pessoas na sua vinda para Portugal, entre as quais, para além do chefe de Estado, se encontra João Manuel Brito e Cunha e Lili Caneças.

No caso do Presidente, o jornal dá conta de um encontro “relâmpago” em Madrid, a 21 de julho, no Palácio da Zarzuela, para almoçar com o rei Felipe VI. Mas, aos jornalistas, este domingo, Marcelo Rebelo de Sousa garantiu que os dois falaram de “tudo menos disso”.

Na terça-feira, o Presidente da República já tinha dito que desconhecia se Juan Carlos viria para Portugal, escusando-se a comentar tal possibilidade. “Havia uma resposta politicamente correta, que era dizer que não deveria comentar […], mas vou mais longe, porque verdadeiramente não sei e penso que as autoridades portuguesas também não têm conhecimento sobre essa matéria”, afirmou na altura.

Na sexta-feira, o jornal espanhol ABC noticiou que o rei emérito está hospedado num luxuoso hotel nos Emirados Árabes Unidos, tendo adiantado ainda que Juan Carlos viajará entre vários países nos próximos tempos, não fixando uma morada fixa no exterior após o anúncio do exílio.

Na última segunda-feira, foi divulgada uma carta que Juan Carlos enviou ao seu filho Felipe VI, rei de Espanha, na qual anunciou a sua decisão de se afastar de Espanha para o ajudar a “exercer as suas responsabilidades”.

Na carta, Juan Carlos diz que pretende facilitar o exercício das funções de Felipe VI, pelo que deixará de viver no Palácio da Zarzuela e sai de Espanha, perante “a repercussão pública” de “certos eventos do passado”.

Juan Carlos viu-se envolvido numa investigação judicial desde o verão de 2018, quando agentes da polícia suíça foram enviados por um juiz para analisar as contas de uma empresa gestora de fundos alegadamente ilegais em paraísos fiscais, onde o rei emérito tem investimentos pessoais.

O antigo rei de Espanha não está a ser investigado, mas fontes judiciais suíças já disseram que pode vir a sê-lo num futuro próximo, embora a lei exija que apenas o departamento fiscal do Supremo Tribunal possa assumir o caso.

A investigação está na fase que pode determinar se há indícios suficientes para poder acusar Juan Carlos de ter cometido algum delito, desde que deixou o trono. Os seus advogados já disseram que o rei emérito continuará a colaborar com a justiça, apesar da decisão de sair de Espanha para viver noutro país.

ZAP // Lusa

2 Comments

  1. Pessoas minimamente inteligentes e sensatas dizem: PODE SER VERDADE, PODE SER MENTIRA. E o que é mais certo, sabem como eu sei!

    • Ai Jaime, Jaime…
      O que é, não é e o que parece nem sempre o será. Mas se a noite é escura e o dia claro, o meu amigo tem um intelecto raro.

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