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Os dinossauros dominaram o mundo graças aos seus super pulmões

Peter Trusler / University of Queensland

Ilustração do Diluvicursor pickeringi no antigo vale que existia entre a Austrália e a Antárctica.

Os dinossauros eram animais rápidos e ativos, características muito intrigantes já que a atmosfera da Terra tinha muito menos oxigénio do que hoje. Mas estes animais podem ter sido bem sucedidos graças aos seus super pulmões, parecidos com os das aves.

Era muito pouco provável que, no ar pobre em oxigénio da era Mesozoica, conseguissem mover-se muito rápido: mas os dinossauros fugiam à regra. Os seus pulmões super eficientes e parecidos com pássaros eram a sua arma secreta, de acordo com um estudo recente, publicado na Royal Society Open Science. Esta adaptação única pode mesmo ter dado aos dinossauros uma vantagem em relação à concorrência.

Há muito tempo que a comunidade científica sabe que as aves descendem de um ramo de dinossauros extintos e que têm um sistema respiratório incomum e sofisticado. No entanto, os paleontologistas debate há muito tempo se os super pulmões surgiram em pássaros ou se já existiam anteriormente – nomeadamente nos dinossauros.

Ao contrário dos pulmões humanos, os pulmões das aves são rígidos. São os sacos de ar especiais ao lado dos pulmões das aves que fazem o trabalho duro, bombeando o ar através dos pulmões, onde o oxigénio se difunde na corrente sanguínea.

Os pulmões estão ligados às vértebras e às costelas, que foram uma espécie de “teto” da caixa toráxica, e tudo isso em conjunto ajuda a manter os pulmões. Além disso, um conetor – chamado costovertebral – fornece um suporte adicional e essa configuração permite um fluxo contínuo de oxigénio e requer menos energia do que inflar e desinflar pulmões.

Robert Brocklehurst e William Sellers, da Universidade de Manchester, no Reino Unido, e a bióloga Emma Schachner recuperam a modelos de computador para perceber como é que estes super pulmões evoluíram. Através da comparação das características esqueléticas das vértebras e das costelas em várias espécies conseguiram chegar a uma conclusão.

Descobriram então que vários dinossauros possuíam uma arquitetura pulmonar muito parecida com a das aves. Estes dinossauros tinham, então, uma articulação costovertebral e o teto ósseo de vértebras e costelas que ajudavam a manter os seus pulmões rígidos. O estudo foi recentemente publicado na Royal Society Open Science.

Estas características sugerem que os dinossauros tinham o mesmo tipo de órgãos respiratórios que as aves. Os super pulmões podiam também ajudar a explicar por que motivo os dinossauros foram capazes de dominar o mundo e espalhar-se, apesar do ar rarefeito da era Mesozóica, adianta a equipa de investigadores.

Os cientistas já achavam estranho as aves terem uns pulmões tão extraordinários e um sistema respiratório muito evoluído. Agora, chegam assim à conclusão de que, afinal, os super pulmões desenvolveram-se muito antes, nos dinossauros, tendo evoluído mais tarde nas aves, muito provavelmente para amparar o voo monitorizado nos pássaros.

Ainda assim, segundo a ScienceMag, o facto de um fóssil ter uma estrutura óssea que indica que muito provavelmente os dinossauros teriam super pulmões não chega. O ideal, antes de tirar conclusões precipitadas, seria encontrar tecido pulmonar, que quase nunca é preservado, e estudá-lo devidamente para, assim, confirmar esta suspeita.

ZAP //

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