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“Devo olhar para a minha finitude”. Eanes ainda não aceitou o convite para os 50 anos do 25 de Abril

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Tiago Petinga / Lusa

O antigo presidente da República, António Ramalho Eanes

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, convidou Ramalho Eanes para presidir as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril. Porém, o ex-presidente da República ainda não decidiu.

Em declarações ao semanário Expresso, Ramalho Eanes falou dos seus 86 anos, disse que se sente “muito honrado” com o convite de Marcelo e que se fosse mais novo talvez dissesse que sim, mas que precisa de “refletir e de falar com o Presidente da República”.

“Ainda não decidi. Admito não ter tempo”, continuou Eanes.

À TSF, a idade também foi mencionada. “Não porque não me seduza o convite, mas porque tenho 86 anos. Na altura da comemoração terei, se cá estiver, 88. Não era prudente nem realista, devo olhar para a minha finitude, admitir e sentir que está próxima”, explicou.

Eanes imagina-se a celebrar meio século de Abril junto das gerações mais jovens.

“Desejo que os 50 anos do 25 de Abril sejam um momento de encontro da nossa comunidade”, explica o general, acrescentando que gostaria que a data fosse uma oportunidade “para refletirmos o que fizemos bem e o que fizemos mal e para garantir que os nossos filhos queiram ficar num país onde sintam que os seus filhos podem ter um futuro”.

O ex-presidente considerou ainda que a escolha do nome de Pedro Adão e Silva para a comissão organizadora é uma boa notícia e seria uma parceria desafiante.

“É uma parceria provocante porque vivi toda esta situação e, portanto, tenho uma certa dificuldade em afastar-me dela o suficiente. O Adão e Silva é um indivíduo que prezo de uma maneira muito especial porque é um homem que tem formação, competência, tem facilidade de expressão e é, sobretudo, um homem que diz as coisas tal como as pensa. Não está com subterfúgios“, disse.

A ideia de antecipar as comemorações de 2024 para 2022 foi articulada entre Marcelo e António Costa, com o argumento de ser já no próximo ano – a 24 de março – que se somam mais dias de democracia do que os que houve de ditadura.

A ditadura durou precisamente 47 anos, dez meses e 28 dias, num total de 17.499 dias. No dia 24 de março de 2022, a democracia terá já 17.500 dias, ultrapassando por um dia o tempo que durou a ditadura e sendo, por isso, o dia escolhido para dar início às comemorações dos 50 anos do 25 de Abril.

Maria Campos, ZAP //

 

 

2 Comments

  1. … é uma pena já não se fazerem destes.
    O Marcelo trouxe alguma esperança mas é outro campeonato.
    Que tenha uma vida longa e com saúde General Ramalho Eanes.

  2. O General Ramalho Eanes tem mais sabedoria que os outros todos juntos…
    Muito se fala dos capitães de abril… Mas se não fosse este homem, estaríamos hoje a viver o mesmo que se vive no Myanmar!! Se existe alguma democracia hoje, isso deve-se ao General Ramalho Eanes. Portugal ainda não lhe fez a devida homenagem. E é uma pena ver que caminhamos para um novo PREC… E quem vai tomar conta disto??

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