As autoridades das Maurícias anunciaram, esta terça-feira, a detenção do capitão e do adjunto do navio japonês que encalhou num recife, no final de julho, e que originou a pior catástrofe ambiental destas ilhas.
“O capitão e o seu adjunto foram detidos hoje e levados a julgamento com base numa acusação provisória”, anunciou o porta-voz da polícia das Ilhas Maurícias, Shiva Coothen, à agência France-Presse.
“A investigação continua amanhã com o interrogatório de outros membros da tripulação”, acrescentou o responsável.
Os trabalhos de remoção das duas partes do navio japonês, que se partiu em dois e derramou toneladas de petróleo na costa das Ilhas Maurícias, começaram esta segunda-feira.
Estima-se que mil toneladas de petróleo da carga do navio japonês de quatro mil toneladas já tenha escapado para o mar, segundo as autoridades.
O primeiro-ministro, Pravind Jugnauth, declarou, na semana passada, o estado de emergência e apelou à ajuda internacional, adiantando que o derrame “representa um perigo” para o país de 1,3 milhões de pessoas que depende fortemente do turismo e foi já fortemente prejudicado pelas restrições de viagem causadas pela pandemia de covid-19.
Imagens de satélite mostravam uma mancha escura a alastrar nas águas turquesa perto de zonas húmidas classificadas de “muito sensíveis” do ponto de vista ambiental.
O Governo das Maurícias fechou a zona costeira da parte oriental da ilha, onde milhares de voluntários civis trabalharam durante dias para tentar minimizar os danos na lagoa de Mahebourg e proteger as zonas húmidas marinhas poluídas pelo combustível derramado.
O navio “Wakasio” encalhou num recife de coral, a 25 de julho, na sequência da existência de fortes ondas no local, que fizeram o navio estalar e começar a derramar óleo a 6 de agosto.
Uma das questões que se procura esclarecer é a razão pela qual o navio navegava tão perto da costa das Maurícias. Agora, as atenções estão focadas no que os investigadores conseguirem extrair da caixa negra do navio.
O Governo está a ser pressionado para explicar porque é que não tomou medidas para esvaziar o navio quando este encalhou e anunciou que pedirá uma indemnização ao armador e à seguradora pelos danos ambientais e pelos custos despesa na limpeza.
Depois de o Governo ter declarado uma emergência ambiental, milhares de voluntários acorreram à costa para criar barreiras improvisadas a partir de túneis de tecido recheados com folhas de cana de açúcar e até cabelo humano, com garrafas de plástico vazias enfiadas para as manter a flutuar.
ZAP // Lusa