Detido proprietário de jornal de Hong Kong ao abrigo da lei de segurança nacional

d.r. Felix Wong / SCMP

Lai Chee-Ying, o tycoon dos media mais conhecido como Jimmy Lai

A polícia de Hong Kong fez buscas, esta segunda-feira, ao grupo de comunicação social Next Media, considerado pró-democracia, pouco depois da detenção do seu proprietário, ao abrigo da lei de segurança nacional.

Dezenas de agentes das forças de segurança entraram na sede do grupo Next Media, ao final da manhã, situada numa zona industrial de Hong Kong, com os jornalistas do jornal Apple Daily a difundir em direto as imagens das buscas policiais no Facebook.

Nas imagens, vê-se o chefe de redação do diário, Law Wai-kwong, a pedir à polícia que não toque em nada antes de os advogados do grupo verificaram o mandado judicial, segundo a agência France-Presse (AFP).

Os agentes ordenaram aos jornalistas que se levantassem e alinhassem para proceder à verificação da identidade, enquanto outros faziam buscas na redação.

As buscas aconteceram pouco depois de o magnata da imprensa Jimmy Lai, proprietário do grupo, ter sido detido, por suspeita de conluio com forças estrangeiras.

Foi detido em casa, cerca das 07h00. Os nossos advogados estão a caminho da esquadra”, disse à AFP Mark Simon, um dos colaboradores de Lai, acrescentando que outros membros do grupo também tinham sido detidos.

Um responsável da polícia disse à AFP, a coberto do anonimato, que Lai foi detido por conluio com forças estrangeiras, um dos crimes previstos na nova lei de segurança nacional, e por fraude.

Em comunicado, a polícia informou, mais tarde, que deteve sete pessoas por suspeita de conluio com forças estrangeiras e fraude.

A polícia também fez buscas na casa de Lai e na do filho, informou Mark Simon através do Twitter.

Jimmy Lai, de 72 anos, é o proprietário de duas publicações pró-democracia frequentemente críticas de Pequim, o diário Apple Daily e o Next Magazine.

Visto por numerosos habitantes de Hong Kong como um herói e único magnata do território crítico de Pequim, Jimmy Lai é descrito nos meios de comunicação oficiais chineses como “um traidor”, que inspirou as manifestações pró-democracia realizadas na região chinesa, e o líder de um grupo de personalidades acusadas de conspirar com nações estrangeiras para prejudicar a China.

Em junho, duas semanas antes de ser aprovada a nova lei de segurança nacional, Jimmy Lai disse à AFP esperar a detenção. “Estou pronto para ir para a prisão. Se isso acontecer, terei oportunidade de ler livros que ainda não li. A única coisa que posso fazer é ser positivo”, afirmou.

O empresário disse, então, que a nova lei iria “substituir” o regime legal de Hong Kong e “destruir o estatuto financeiro internacional” da cidade.

A lei da segurança nacional criminaliza atos secessionistas, subversivos e terroristas, bem como o conluio com forças estrangeiras para intervir nos assuntos da cidade.

O documento entrou em vigor a 30 de junho, após repetidas advertências do Governo de Pequim contra a dissidência em Hong Kong, abalado em 2019 por sete meses de manifestações em defesa de reformas democráticas e quase sempre marcadas por confrontos com a polícia, que levaram à detenção de mais de nove mil pessoas.

Hong Kong regressou à soberania da China em 1997, com um acordo que garante ao território 50 anos de autonomia a nível executivo, legislativo e judicial, bem como liberdades desconhecidas no resto do país, ao abrigo do princípio “um país, dois sistemas”, também aplicado em Macau, sob administração chinesa desde 1999.

// Lusa

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