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Desconfinamento à vista em Israel e Reino Unido. Itália acelera vacinação (e Fauci quer máscaras até 2022)

Erdem Sahin / EPA

Com uma situação epidémica mais controlada, há países a planear o regresso à normalidade – é o caso de Israel e do Reino Unido, que estão a apresentar planos de reabertura. Itália prepara-se para acelerar o plano de vacinação. Já a Alemanha deparou-se com um aumento de casos e os EUA falam na possibilidade de as máscaras continuarem a ser usadas até 2022.

Este é um sinal de esperança vindo de outros países, mas Portugal ainda está longe de a alcançar. A descida do número de casos registados nas últimas semanas é significativa, mas ainda será cedo para um regresso parcial à normalidade. Contudo, o Governo já tem uma certeza: será pelas escolas que o desconfinamento irá começar.

No Reino Unido, os cidadãos já começam a ter luz verde para algumas atividades. Depois da descoberta de uma variante britânica, mais contagiosa, que obrigou a um novo confinamento, Boris Johnson parece agora concentrado na retoma. O país planeia dar, pelo menos, uma dose da vacina a todos os adultos até 31 de julho e o primeiro-ministro prepara-se para revelar o plano de desconfinamento para o país ainda hoje.

Segundo vários jornais britânicos, as escolas deverão abrir a 8 de março, com as boas notícias a serem dadas também aos idosos em lares – que poderão voltar a ter visitas presenciais. O regresso das atividades de lazer ao ar livre também está a ser equacionado e outros jornais avançam que será possível o encontro entre duas famílias diferentes ao ar livre no período da Páscoa.

O Governo deverá ainda autorizar a reabertura de lojas não essenciais em abril, mas os cabeleireiros podem ter de esperar um pouco mais para voltar a receber clientes.

Israel, o país em que a vacinação está mais avançada, prepara-se agora para dar início ao desconfinamento. Este domingo foi dia de reabertura de grande parte dos negócios e de se dar início ao uso ao “passe verde” – documento que permite aos vacinados e recuperados da covid-19 o acesso a alguns espaços.

Em causa está o comércio de rua, que estava encerrado, os mercados ao ar livre, centros comerciais, bibliotecas e museus, que podem agora reabrir com regras restritas para a prevenção da propagação do novo coronavírus.

Por seu lado, os alunos do quinto e sexto anos do ensino básico e os dos últimos anos do ensino secundário podem regressar às aulas em regiões com baixa taxa de mortalidade, após os mais pequenos, do pré-escolar e primeiros anos do ensino básico, o terem feito há mais de uma semana.

Também foi autorizada a abertura de ginásios, piscinas, hotéis e espaços para eventos desportivos e culturais, como teatros, mas com acesso restrito apenas a quem já tenha recebido as duas doses da vacina ou superado o coronavírus.

Já em Itália, o processo de vacinação deverá continuar a todo o gás. A estratégia britânica, de vacinar o maior número de pessoas com a primeira dose da vacina, estará prestes a ser seguida pelo governo do primeiro-ministro italiano Mario Draghi.

Como avança o jornal La Stampa, o objetivo é acelerar o programa de vacinação contra a covid-19 mesmo que isso implique usar todas as doses disponíveis, sem reservar algumas das vacinas para a segunda injeção.

Além de alterar a estratégia de vacinação, a reunião governamental desta segunda-feira servirá também para estender as restrições de circulação para lá de 5 de março.

Na Alemanha, o Ministro da saúde Jens Spahn instou este domingo a população a ser cautelosa face ao aumento do número de casos de covid-19, quando as escolas se preparam para reabrir no país.

“Vemos que os números estão a aumentar novamente. Isto é irritante e cria incerteza. Por conseguinte, devemos continuar a ser cautelosos, a testar e a vacinar. O vírus não está a facilitar-nos as coisas”, disse Spahn numa entrevista à emissora pública alemã ARD.

A Alemanha tem estado parcialmente confinada desde novembro e nas últimas semanas conseguiu reduzir a taxa de infeção pelo novo coronavírus. Nos últimos dias os números começaram a subir, uma evolução atribuída à rápida propagação da variante britânica da doença, considerada mais contagiosa.

Os especialistas advertem que se aproxima uma terceira vaga, agora que os 16 estados federais começam a aliviar as restrições.

Nesta segunda-feira, reabriram escolas e centros de dia em dez dos estados do país. A educação não é uma responsabilidade federal na Alemanha e cabe a cada estado decidir sobre a reabertura dos serviços.

Do outro lado do Atlântico, nos Estados Unidos, também se procura um regresso à normalidade. O epidemiologista Anthony Fauci considera que este cenário será possível no outono ou inverno deste ano, mas que não se espere um regresso completo “ao que era em novembro de 2019”, alerta Fauci em entrevista ao “Estado da União” da CNN. O uso generalizado de máscaras ainda pode ser predominante em 2022.

Em causa estará a “dinâmica do vírus que está na comunidade”, pelo que Fauci diz preferir a cautela à audácia e esperar que não haja “praticamente nenhuma ameaça” da covid-19 antes de dizer que é seguro abandonar a utilização de máscara facial.

Numa nota mais positiva, o especialista antevê que a vida será “muito melhor do que o que estamos a viver agora”.

Numa entrevista no programa Meet the Press da NBC, Fauci disse que ainda era demasiado cedo para dizer quando os Estados Unidos poderiam chegar à desejada imunidade de grupo. “Queremos estar em níveis realmente baixos antes de começarmos a pensar que estamos fora de perigo”, sublinhou.

Ana Isabel Moura, ZAP //

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