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“Mal-estar” no PSD. Deputados votaram à revelia de Rui Rio

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PSD / Flickr

O presidente do PSD, Rui Rio

A direcção do PSD considera “gravíssima” a decisão da bancada social-democrata de votar a favor do projecto do CDS-PP sobre combustíveis, notando que foi tomada “à revelia” de Rui Rio. Um dado que surge numa altura de divisão no partido, com a estratégia de Rio a ser contestada.

A bancada do PSD contribuiu para aprovar, na generalidade, votando a favor o projecto de lei do CDS-PP que elimina o adicional do Imposto Sobre os Combustíveis (ISP), iniciativa que teve votos contra de PS e abstenções de PCP, BE e PEV.

Uma votação que aconteceu “completamente à revelia do doutor Rui Rio, que foi confrontado com a decisão já tomada”, assegura à Agência Lusa uma fonte da direcção do PSD.

“Se o presidente do PSD tivesse sido informado previamente, a decisão teria sido de rejeitar esta iniciativa”, constata a mesma fonte, frisando que a aprovação do projecto de lei do CDS “é incoerente” com o facto de os sociais-democratas terem também uma proposta sobre o tema “que apenas recomenda, não é imperativo”.

Além disso, o voto favorável contrasta com a posição manifestada por Rui Rio apenas dois dias antes, no encerramento das jornadas parlamentares do partido.

“A nossa função não é empurrar o Governo para a irresponsabilidade e populismo de dar aquilo que não pode dar”, frisou Rui Rio, considerando que o “milagre económico é aldrabice política”.

A direcção do PSD entende, assim, que a votação a favor do projecto do CDS “contraria completamente” o discurso e a estratégia de Rio. Além disso, se o projecto de lei for aprovado em votação final global, há o “risco” de “rebentar completamente com a receita do Orçamento do Estado e agravar o défice“, frisa a mesma fonte.

“Incompreensão” e “revolta”

Por outro lado, a entrevista que Silva Peneda, ministro-sombra do PSD para a área da Solidariedade e Sociedade de Bem-Estar, deu ao Público e à Renascença está também a causar mau estar no seio do partido.

Silva Peneda manifestou-se “a favor da estabilidade política”, considerando que “os mandatos devem ser cumpridos” e que é melhor para o PSD viabilizar o Orçamento de Estado do Governo PS do que haver eleições antecipadas.

Estas palavras geraram “incompreensão” e “revolta” entre vários sociais-democratas, como Carlos Abreu Amorim e Arménio Santos, que se manifestarem no Facebook contra as declarações de Silva Peneda.

Um ex-dirigente do PSD fala mesmo de uma “estratégia kamikaze” por parte da direcção de Rui Rio, em declarações ao Público, considerando que admitir viabilizar um Orçamento do PS “é estar a dar mais força a Costa nas negociações” com os aliados de Esquerda.

“O que Rio devia estar a fazer era encostar o PS às esquerdas radicais“, constata este ex-dirigente social-democrata não identificado, acusando a actual direcção de “desorientação”.

Num tom mais conciliador, o ex-vice-presidente do PSD, Marco António Costa, diz ao Público que “o melhor é aguardar por desenvolvimentos, nomeadamente, pelas propostas para o OE que serão apresentadas pelo PSD”. No fundo, ele desafia Rui Rio a manifestar-se para clarificar as águas.

ZAP // Lusa

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1 Comment

  1. Finalmente há deputados a votar pela própria cabeça, sem precisar de indicação do leader.
    E votaram bem. E Rio também votaria assim.

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