Um “privilégio” e uma “honra”. Deputados do CDS despedem-se do Parlamento

António Cotrim / Lusa

O líder parlamentar do CDS-PP, Telmo Correia

O líder parlamentar do CDS-PP, Telmo Correia, e os deputados Cecília Meireles e João Almeida despediram-se da Assembleia da República, esta sexta-feira, agradecendo o “privilégio” e a “honra” de terem sido eleitos.

“Nenhuma função me honrou tanto como ter sido parlamentar. Para quem fala de privilégios dos políticos, esse é o nosso privilégio, todos representarmos o povo português”, salientou Telmo Correia, discursando a partir da tribuna.

O centrista disse que está no Parlamento há quase três décadas e lembrou que a sua primeira função foi a de redator das atas das sessões plenárias na altura em que era estudante universitário, tendo desempenhado depois “quase todas as funções”.

O deputado do CDS-PP destacou aqueles que presidiram ao Parlamento nas várias legislaturas em que foi eleito, como Almeida Santos, Mota Amaral, Assunção Esteves e Ferro Rodrigues, e destacou Jaime Gama, de quem foi vice-presidente.

Saio daqui com amigos em quase todas as bancadas e com consciência que aqui dentro somos todos adversário e não há inimigos”, frisou o líder parlamentar.

Na hora da despedida, deixou um pedido às bancadas da esquerda: “Gostaria que me fizessem justiça e que no futuro digam de mim ‘aquele não era fácil, deu-nos trabalho, foi dos complicados'”.

Para o futuro, apelou aos deputados das próximas legislaturas que honrem os mandatos e “não deixem que os inimigos da democracia apouquem a função parlamentar”.

Na sua intervenção, o líder do grupo parlamentar do CDS disse não querer fazer “desta última oportunidade uma nova oportunidade para o confronto político”, nem querendo também “dizer muito sobre as razões da saída”.

Referindo-se ao CDS, disse que sai “com saudades do futuro” e agradeceu aos ex-líderes Paulo Portas e Assunção Cristas pela oportunidade de ter integrado as listas do partido.

E disse ainda ter tudo “muito orgulho” de ter sido deputado, despedindo-se com um “até sempre”.

Por seu lado, a deputada Cecília Meireles agradeceu aos portugueses a sua eleição, considerando que “não há maior honra e privilégio”, e disse que tentou “nunca esquecer essa responsabilidade” e “honrar essa confiança” no trabalho que desempenhou no Parlamento, pondo “sempre em primeiro lugar a defesa dessas pessoas e do interesse nacional”.

Espero ter estado à altura, dei o meu melhor, o melhor de mim”, disse.

Apontando o respeito pelas restantes bancadas, a deputada assinalou que as suas “divergências foram sempre políticas e nunca pessoais”.

Já o deputado João Almeida começou por dizer que, quando era jovem, “achava que nunca haveria de estar” na Assembleia da República e assinalou que um dos momentos que o marcou foi a despedida de Adriano Moreira.

O centrista salientou ainda que se orgulha de ter sido “um dos primeiros deputados nascidos em democracia a fazer a intervenção na sessão comemorativa do 25 de Abril”.

João Almeida agradeceu também ao “país por ter tido a honra de humildemente o servir” e aos presidentes do CDS que o “escolheram para representar” o partido.

O centrista agradeceu ainda “tudo o que o Parlamento” lhe deu e manifestou orgulho por ser um cidadão de São João da Madeira, “do mais pequeno concelho do país”.

Quanto ao ambiente parlamentar, salientou que em todas as bancadas fez “amigos e nunca uma inimizade”.

Os três deputados agradeceram também o trabalho de todos os funcionários parlamentares, destacando a sua importância.

No final das suas intervenções, os três deputados que não serão candidatos a deputados na legislativas de 30 de janeiro, foram aplaudidos de pé pelas bancadas do PSD, PS e também pelos deputados do Chega e Iniciativa Liberal. Nas bancadas do BE e PCP, alguns deputados também bateram palmas, mantendo-se sentados.

A sua saída do Parlamento acontece numa altura em que o CDS vive uma crise interna, sendo sabido por todos que os três centristas são contra a visão e atuação do atual líder, Francisco Rodrigues dos Santos.

Para esta sexta-feira está agendado um novo Conselho Nacional do CDS, que vai acontecer por videoconferência e foi marcado com “carácter de urgência”, para definir as linhas do programa eleitoral que vai apresentar às legislativas, bem como tomar posição sobre uma eventual coligação com o PSD na Madeira.

Nuno Melo anunciou na quinta-feira que não iria participar nesta reunião, apelando aos outros conselheiros que fizessem o mesmo.

ZAP // Lusa

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