Uma jovem que morreu depois de um ataque de asma, em 2013, tornou-se na primeira pessoa do Reino Unido a ter registada como causa da sua morte a poluição do ar.
De acordo com a BBC, Ella Adoo-Kissi-Debrah, de nove anos, morava em Lewisham, no sudeste de Londres, perto de uma estrada muito movimentada, quando morreu, em 2013, depois de um grave ataque de asma. Nos três anos que antecederam a sua morte, a jovem teve várias convulsões e foi hospitalizada 27 vezes.
Esta quarta-feira, a decisão do Southwark Coroner’s Court fez história. O tribunal londrino concluiu que a poluição do ar teve uma “contribuição significativa” na morte de Ella. E, assim, pela primeira vez, a poluição do ar foi registada como a causa da morte de uma pessoa no Reino Unido.
Na conclusão do inquérito que durou duas semanas, o médico legista Philip Barlow confirmou que a rapariga foi exposta a níveis “excessivos” de poluição, tanto que os níveis de dióxido de azoto (NO2) perto da sua casa ultrapassavam as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da União Europeia (UE).
Em 2014, a justiça britânica determinou que a menina morrera de insuficiência respiratória aguda causada por asma grave, não por poluição. Contudo, essas conclusões foram anuladas, em 2019, e uma nova ronda de audiências foi requerida devido a novas evidências científicas, incluindo o relatório, de 2018, do professor Stephen Holgate.
Segundo a emissora britânica, este relatório descobriu que níveis ilegais de poluição, detetados numa estação de monitorização perto de casa da menina, contribuíram para o seu fatal ataque de asma. O autor do relatório disse que Ella “viveu no fio da navalha” meses antes da sua morte.
Depois de conhecida a decisão judicial, a mãe de Ella, Rosamund Adoo-Kissi-Debrah, especialista em qualidade do ar que trabalha na OMS, afirmou: “Conseguimos a justiça que ela tanto merecia. Mas isto também se trata de outras crianças, ainda caminhamos pela nossa cidade com altos níveis de poluição.”
Confrontado com este veredicto, um porta-voz do Governo britânico declarou que o Executivo está a trabalhar num “plano de 3,8 mil milhões para limpar os transportes, combater a poluição por NO2 e ir mais longe na proteção das comunidades relativamente à poluição atmosférica”.
Depois da morte da filha, Rosamund criou a The Ella Roberta Family Foundation, não só para “lembrar a sua vida e as suas paixões”, mas também “tirar lições da sua morte súbita devido à asma severa e rara”.
Estima-se que entre 28 mil e 36 mil mortes que ocorrem no Reino Unido em cada ano estejam relacionadas com a poluição atmosférica.
Filipa Mesquita, ZAP // Lusa
Com efeito morreu de um ataque fatal de asma, ainda que os níveis de poluição tenham sido fatores que contribuiram para o efeito — isto abriu um precedente. Não tendo acesso a como chegaram à conclusão, e que valores são considerados aceitáveis (e não falo dos das organizações mencionadas) várias pessoas vão começar a usar isto como “arma.”
Se a razão fosse a poluição teriam existido mais casos; extrapolando, o que dizer do que acontece na India e outros países onde o nível de poluição é acima dos “standards”?
Os “alarmistas climátericos” devem estar “aos saltos” com a abertura do precedente — interessante ninguém falar da India, Rússia, China, entre outros países.
Sim, porque a Índia, a China, a Rússia, etc.. são países altamente desenvolvidos e democracias consolidadas como o Reino (des)Unido, etc…
Por lá nem direitos humanos existem, quanto mais…
Plenamente de acordo.