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“Dama da Lava Jato” detida num hotel de luxo em Lisboa no caso do avião com droga

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A primeira delatora do caso “Lava Jato”, desencadeado no Brasil, foi detida num hotel de luxo em Portugal, no âmbito da operação conjunta entre as polícias dos dois países após ter sido detectado um avião com droga, transportando João Loureiro, ex-presidente do Boavista, em Janeiro de 2021.

Nelma Kodama, conhecida como “a dama da Lava Jato”, foi detida no âmbito da Operação Descobrimento, que tem como objetivo desmantelar uma organização criminosa especializada no tráfico internacional de cocaína, segundo avança a imprensa brasileira, citando fontes da Polícia Federal do Brasil.

Esta autoridade avança que estão a ser cumpridos 43 mandados de busca e apreensão e sete mandados de prisão preventiva nos estados brasileiros da Bahia, São Paulo, Mato Grosso, Rondônia e Pernambuco.

Em Portugal, a Polícia Judiciária (PJ), acompanhada por polícias brasileiros, cumpre três mandados de busca e apreensão e dois mandados de prisão preventiva no Porto e em Braga.

Fonte da Polícia Federal brasileira refere à Lusa que os “dois presos em Portugal são brasileiros”.

Nelma Kodama é um desses presos. “A dama da Lava Jato” foi a primeira delatora desta investigação em torno de indícios de corrupção, tendo sido condenada a 18 anos de prisão em 2014 devido ao crime de lavagem de dinheiro.

A sua pena de prisão terminou em 2017, graças a um indulto decretado pelo então Presidente brasileiro, Michel Temer.

A brasileira foi detida, nesta terça-feira, em Lisboa quando se encontrava no Hotel Ritz, no âmbito de investigações que tiveram início em Fevereiro de 2021, após terem sido encontrados 595 quilogramas de cocaína escondidos na fuselagem do avião Dassault Falcon 900 da empresa OMI, pertencente a um grupo privado português de aviação.

A partir da apreensão da droga, a Polícia Federal brasileira conseguiu identificar a estrutura da organização criminosa que atuava nos dois países, composta por fornecedores de cocaína, mecânicos de aviação e auxiliares (responsáveis pela abertura da fuselagem da aeronave para acondicionar a carga), transportadores (responsáveis pelo voo) e doleiros (responsáveis pela movimentação financeira do grupo).

A Justiça brasileira decretou ainda medidas patrimoniais de apreensão, sequestro de imóveis e congelamento de valores em contas bancárias usadas pelos suspeitos.

João Loureiro usado por ex-agente de jogadores

O empresário João Loureiro, ex-presidente do Boavista, foi apanhado no meio da investigação, já que era um dos passageiros da aeronave.

Em Abril do ano passado, as autoridades brasileiras descartaram qualquer ligação de João Loureiro ao caso de tráfico de cocaína num avião.

A Polícia Federal brasileira nota que o ex-dirigente desportivo e advogado foi usado pela sua notoriedade para facilitar o tráfico de droga.

O Jornal de Notícias (JN) nota, em particular, que João Loureiro “foi usado pelo amigo Rowles Magalhães Silva, um ex-agente de jogadores” que é o outro elemento detido em Portugal, no âmbito da operação.

Este “estratagema”, com o “recurso a pessoas VIP para iludir as autoridades”, terá sido prática “recorrente dos cartéis brasileiros”, como nota o mesmo diário.

João Loureiro confessa-se “extremamente surpreendido” e até “estupefacto” com a notícia do envolvimento de Rowles Magalhães Silva no tráfico de droga. “A imagem que tenho dessa pessoa não corresponde ao que me está a ser informado”, aponta o ex-presidente do Boavista em declarações ao JN.

ZAP // Lusa

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